
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) anunciou, na noite desta quarta-feira (29), a abertura de um protocolo para solicitar as imagens das câmeras corporais utilizadas por policiais durante a megaoperação realizada nos Complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense. A ação, que mobilizou mais de 2.500 agentes de segurança, resultou em 119 mortes, segundo o último balanço divulgado pelas autoridades.
Durante coletiva de imprensa, o procurador-geral de Justiça, Antônio José Campos, informou que o órgão instaurou um procedimento específico para apurar as circunstâncias de todas as mortes registradas. Ele ressaltou que o Ministério Público atuará com independência e rigor técnico na investigação. “Nós vamos examinar todos os fatos com base em provas, perícias e depoimentos. Somente após a análise detalhada dos elementos produzidos é que chegaremos às nossas conclusões”, afirmou.
As imagens das câmeras corporais são consideradas fundamentais para o esclarecimento dos fatos. O uso dos equipamentos está previsto na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que estabelece diretrizes para operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro.
De acordo com o balanço oficial, 115 das vítimas eram suspeitas de envolvimento com o Comando Vermelho (CV), facção alvo da operação. Quatro mortos eram policiais civis e militares. O procurador-geral lamentou o elevado número de vítimas e destacou que todas as mortes, sem exceção, serão analisadas. “O MP lamenta profundamente todas as vidas perdidas, inclusive e especialmente as dos quatro policiais. A apuração será feita de forma independente e imparcial”, declarou Campos.
O chefe do Ministério Público também comentou sobre a gravidade da situação da violência no estado e defendeu que o problema ultrapassa os limites da segurança pública. “O que enfrentamos hoje no Rio de Janeiro é um desafio de soberania. Existem áreas onde o Estado não consegue exercer controle, e o avanço do poderio bélico dessas organizações é preocupante”, afirmou.
Para Campos, o enfrentamento ao crime organizado requer uma resposta coordenada entre as esferas federal, estadual e municipal. “Esse não é um problema apenas do Rio de Janeiro, mas do Estado brasileiro. É necessário que União, governo estadual e prefeitura unam esforços e estabeleçam uma política de segurança pública de Estado, acima de interesses políticos momentâneos”, concluiu.
Mín. 19° Máx. 25°