
A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar o vereador de Belo Horizonte Lucas Ganem (Podemos) por suspeita de fraude eleitoral. Segundo as investigações, o parlamentar, nascido e criado em São Paulo, teria transferido seu domicílio eleitoral para a capital mineira no início de 2024, declarando um endereço em que nunca residiu.
De acordo com a PF, o registro foi feito em fevereiro do ano passado, quando Ganem declarou como residência um imóvel no bairro Trevo, na Região da Pampulha. O local pertence a Grijalva de Carvalho Lage Duarte Júnior, atual secretário de Licitação e Contratos da Prefeitura de Contagem. Agentes federais foram ao endereço sem se identificar e conversaram com uma moradora, que afirmou não conhecer o vereador e garantiu que ele nunca viveu na casa.
Um relatório da PF também aponta que, em 2024, o parlamentar renovou sua carteira de habilitação em São Paulo e, no mesmo período, exercia o cargo de gerente estadual no Paraná em uma empresa de plano de saúde para servidores públicos — informações que reforçam as suspeitas de que ele não teria residência fixa em Minas Gerais.
Lucas Ganem foi eleito com 10.753 votos e pertence a uma família tradicional da política paulista. É primo do deputado federal Bruno Ganem (Podemos), e o sobrenome também aparece em outros cargos legislativos no estado de São Paulo.
Além da investigação da Polícia Federal, uma ação de impugnação de mandato eletivo (Aime), proposta pelo ex-vereador Rubão (Podemos), tramita na Justiça Eleitoral de Minas Gerais. O processo corre em segredo de justiça.
Em nota, a assessoria de Ganem afirmou que o vereador “nunca foi intimado pela Polícia Federal sobre o suposto inquérito” e explicou que uma diligência feita em agosto de 2025 “não o encontraria mesmo”, já que ele reside em outro endereço desde novembro de 2024. A defesa disse ainda que o tema do domicílio eleitoral “já foi esclarecido e documentado na audiência da Aime perante a Justiça Eleitoral”.
A Prefeitura de Contagem informou que não vai se manifestar sobre o caso e que o secretário Grijalva Duarte Júnior, dono do imóvel citado, também não comentará o assunto.
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