O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (16/10) que “possivelmente” será candidato à Presidência da República nas eleições de 2026, ressaltando que a decisão dependerá de seu estado de saúde. As declarações foram feitas na abertura do 16º Congresso do PCdoB, em Brasília, em um evento que reuniu lideranças políticas e partidárias.
“Eu possivelmente — possivelmente — serei candidato a presidente outra vez, se eu estiver com saúde”, disse Lula, acrescentando, de forma bem-humorada, que tem disposição para participar de “mais umas cinco eleições”. O presidente destacou que a candidatura teria como objetivo discutir um país mais amplo e inclusivo, no qual a população possa compreender e se engajar nas propostas apresentadas pelo governo.
Durante o discurso, Lula fez uma autocrítica em relação à comunicação política da esquerda. Segundo ele, o discurso partidário muitas vezes não alcança milhões de pessoas, incluindo grupos como os evangélicos. “Muitas vezes eu acho que a nossa linguagem, que o nosso discurso, está muito distante do nível de compreensão de milhões de pessoas que gostariam de nos escutar”, afirmou.
O presidente também enfatizou a necessidade de que partidos da esquerda se organizem para lançar candidatos em todo o país, com o objetivo de conquistar maioria no Congresso Nacional. Lula criticou a prática de autoindicação de candidatos, que, segundo ele, pode prejudicar o resultado eleitoral: “As pessoas se autolançam candidato e impõem ao partido sua candidatura, o que acaba sendo prejudicial no resultado”.
Além das questões eleitorais, Lula voltou a criticar o atual Congresso. Para ele, a composição parlamentar é marcada por baixa qualificação, provocação e uso de redes sociais como principal ferramenta de atuação. “Nós vamos ter uma disputa da extrema direita contra a esquerda e contra a democracia, porque quem é deputado sabe que o Congresso nunca esteve tão ruim como está hoje”, declarou. Ele comparou o cenário ao evento realizado na quarta-feira com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reafirmando que parte da oposição representa “o que existe de pior” na política nacional.
O tom do discurso reflete a estratégia do presidente em manter a possibilidade de candidatura aberta, ao mesmo tempo em que pressiona a esquerda a se articular para enfrentar a extrema direita nas próximas eleições e ampliar sua influência no Legislativo. Lula evita, no entanto, cravar oficialmente sua decisão, destacando que seu compromisso depende da saúde e da disposição para enfrentar mais um processo eleitoral.
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