Um laudo técnico elaborado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba confirmou que o despejo irregular de substâncias químicas no Distrito Industrial de Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, provocou a recente mortandade de peixes registrada em trechos do rio que passam por Betim e Esmeraldas. As análises apontaram altos níveis de amônia e compostos nitrogenados na água, além de baixa oxigenação — um cenário que levou ao colapso da fauna aquática.
O presidente do comitê, Heleno Maia, afirmou que as investigações continuam para identificar a origem exata da contaminação e responsabilizar os autores do crime ambiental. “Os resultados da necropsia dos peixes e das análises laboratoriais confirmam que a poluição partiu do Distrito Industrial Renato Azeredo, em Juatuba. A causa foi uma combinação de fatores: o aumento da concentração de amônia e a consequente redução do oxigênio dissolvido na água. Os peixes apresentaram hemorragias nas brânquias e em órgãos internos, como fígado e coração, o que comprova a exposição a substâncias tóxicas”, explicou.
A mortandade foi observada no dia 5 de setembro, quando moradores e pescadores da região relataram a presença de centenas de peixes mortos às margens do Rio Paraopeba. A partir desse episódio, equipes técnicas coletaram amostras de água e sedimentos em diversos pontos do curso d’água para análise. O laudo confirmou que a concentração de amônia estava acima dos limites permitidos pela legislação ambiental.
De acordo com o Comitê da Bacia, os próximos passos envolvem fiscalizações em indústrias instaladas no entorno do distrito para verificar quais delas utilizam compostos nitrogenados em seus processos produtivos. As informações serão repassadas aos órgãos de controle ambiental e ao Ministério Público, que poderão adotar medidas administrativas e judiciais.
O despejo irregular reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade ambiental do Rio Paraopeba, que ainda se recupera dos impactos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019. Especialistas alertam que episódios como o registrado em Juatuba comprometem os avanços obtidos até agora na recuperação do manancial e reforçam a necessidade de maior rigor na fiscalização das atividades industriais ao longo da bacia.
Mín. 17° Máx. 32°