Os Correios anunciaram nesta quarta-feira (15/10) que estão em negociação com bancos para contratar um empréstimo de R$ 20 bilhões, com o objetivo de recuperar a liquidez e garantir a continuidade das operações. A medida integra o pacote de reestruturação financeira da estatal, que enfrenta dificuldades desde 2024 e encerrou o primeiro semestre de 2025 com prejuízo de R$ 4,3 bilhões, quase quatro vezes superior ao registrado no mesmo período de 2024.
Em coletiva, o presidente da empresa, Emmanoel Schmidt Rondon, no cargo há menos de um mês, explicou que o empréstimo permitirá cumprir compromissos financeiros, incluindo o pagamento de um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV). “Estamos fazendo uma operação com bancos para recuperar a liquidez da empresa, que é fundamental para, por exemplo, ter capacidade de pagar o PDV”, disse Rondon, sem detalhar o contrato, que ainda está em fase de negociação.
A escassez de recursos impactou diretamente a operação da estatal, provocando atrasos nos repasses a transportadoras terceirizadas, agências conveniadas e no plano de saúde dos funcionários. Segundo a empresa, a paralisação parcial dos serviços contribuiu para atrasos na entrega de encomendas e interrupções em alguns atendimentos hospitalares vinculados ao Postal Saúde.
O plano de reestruturação dos Correios prevê três eixos principais: corte de despesas operacionais e administrativas, diversificação das fontes de receita e recuperação da liquidez. Entre as medidas anunciadas estão a venda de imóveis ociosos, renegociação de contratos com fornecedores, lançamento de novos produtos e criação de um marketplace próprio ainda em 2025. A empresa também planeja ampliar a eficiência operacional por meio de otimização da malha logística e reestruturação da rede de atendimento.
Além do empréstimo, os Correios já tomaram medidas emergenciais ao longo do ano, como redução de jornada de trabalho, suspensão temporária de férias, incentivo ao retorno ao regime presencial, revisão de cargos comissionados e programas de desligamento voluntário. Um PDV realizado em maio teve adesão de 3,5 mil funcionários.
Segundo Rondon, essas ações foram pontuais e emergenciais, mas não produziram impacto reestruturante. “Não temos o impacto total que as medidas anteriores tiveram, mas elas foram emergenciais, não reestruturantes como agora”, afirmou.
O balanço financeiro da estatal revela atrasos em diversos pagamentos, somando R$ 2,75 bilhões, incluindo INSS patronal, fornecedores, Postal Saúde, Postalis, PIS/Cofins e vale-alimentação. A maior parte desses atrasos gera multa e juros, mas não compromete diretamente a operação.
A expectativa é que o empréstimo de R$ 20 bilhões e as medidas estruturantes proporcionem estabilidade ao caixa da empresa entre 2025 e 2026, permitindo a retomada das operações e a ampliação da receita, que ainda incluirá novos produtos e serviços, não detalhados pela presidência. A estatal acumula 12 trimestres consecutivos de prejuízos, e o novo pacote de ações representa a principal tentativa de reverter esse cenário.
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