Nas ruas de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, imagens registradas nesta quarta-feira (9) mostraram crianças e adolescentes comemorando com pulos e aplausos após o anúncio da primeira fase do Plano de Paz promovido pelos Estados Unidos. O clima de celebração nas ruas contrasta com a complexidade das negociações políticas que se desenrolam nos bastidores para tentar consolidar a paz na região.
O presidente Donald Trump divulgou em suas redes sociais que Israel e o Hamas haviam assinado o acordo inicial e garantiu que Gaza será reconstruída. Ele também anunciou viagem ao Egito no próximo domingo (12) para acompanhar pessoalmente a implementação do plano.
O processo de negociação envolveu pressões intensas sobre os dois lados. O bombardeio israelense em um bairro residencial de Doha, que matou civis e membros de segurança, aumentou a tensão e isolou diplomaticamente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, enquanto mobilizou aliados árabes e os Estados Unidos para pressionar o Hamas a aceitar o acordo.
Trump atuou em múltiplas frentes: solicitou a Netanyahu que aceitasse o plano, pediu ao Catar que retomasse as negociações, emitiu ameaças públicas ao Hamas e contou com apoio de aliados árabes para reforçar a pressão. No terreno, Israel intensificou a presença militar na Faixa de Gaza, e diversos países reconheceram o Estado da Palestina, aumentando a pressão por uma solução de dois Estados.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o acordo como “um avanço desesperadamente necessário” e se comprometeu a apoiar totalmente sua implementação. Para o historiador Brian Williams, da Universidade de Massachusetts, trata-se de um passo histórico, embora provisório: “Ainda não temos paz. Há extremistas em ambos os lados que podem comprometer o processo”, alertou.
Politicamente, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, garantiu que o Hamas não integrará o futuro governo, enquanto Netanyahu enfrentou isolamento interno ao discursar para uma assembleia reduzida. Pesquisas indicam que dois terços dos israelenses desejam o fim do conflito, reforçando a pressão doméstica por uma solução negociada.
Enquanto as lideranças articulam os próximos passos, a celebração das crianças nas ruas de Gaza evidencia a esperança da população por dias mais tranquilos, mesmo diante de um cenário ainda delicado e repleto de desafios diplomáticos.
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