A Polícia Militar de Minas Gerais, em parceria com o Ministério Público e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou na última quarta-feira (24) a Operação Custos Fidelis, que teve como alvo a organização criminosa Família Teófilo Otoni (FTO), ligada ao Comando Vermelho. A ofensiva cumpriu mais de 120 mandados em quatro estados, resultando em prisões, apreensões e bloqueios que ultrapassam R$ 18 bilhões.
As investigações, iniciadas há cerca de um ano e meio, apontaram que o grupo funcionava como uma “empresa do crime”, estruturada em núcleos de logística, finanças e ataques armados. Os relatórios identificaram movimentações financeiras suspeitas por meio de depósitos pulverizados, prática conhecida como “smurfing”, além do uso de criptoativos e empresas de fachada na região Norte do país para movimentar recursos do tráfico.
Durante a operação, foram cumpridos 48 mandados de prisão, dos quais 16 já foram executados, e cerca de 40 suspeitos foram detidos. O balanço inclui a apreensão de 500 quilos de drogas, 26 armas de fogo e veículos, além da indisponibilidade de um imóvel de luxo em Alagoas, avaliado em R$ 3,9 milhões. Entre os itens encontrados também estavam fardas da Polícia Militar e da Polícia Civil, que, segundo as investigações, eram usadas em execuções.
A major Layla Brunnela, porta-voz da PMMG, destacou que a operação foi uma resposta direta às ameaças de criminosos contra policiais militares em Teófilo Otoni. “Há uma tentativa das organizações criminosas de tomar território, e isso não será permitido em Minas Gerais. O nome da operação, que significa ‘guardião fiel’, reforça o compromisso das instituições em proteger o estado”, afirmou.
O vice-governador Mateus Simões ressaltou a importância de atingir o núcleo financeiro da facção, considerada a etapa mais estratégica da operação. Ele reforçou que o governo não permitirá a instalação do Comando Vermelho em Minas. “O monopólio da força é do Estado, e isso vai prevalecer”, disse.
Já o procurador-geral de Justiça, Paulo de Tarso Moraes Filho, classificou o bloqueio bilionário como um dos maiores impactos contra o crime organizado no estado. “Atingimos o coração da organização criminosa. A expectativa é de que os recursos apreendidos sejam revertidos aos cofres públicos”, declarou.
De acordo com a promotora Ana Bárbara Canedo Oliveira, o esquema tinha alcance nacional, abastecendo facções em vários estados por meio de um sistema de “atacado do tráfico”. Para o coordenador do Gaeco, Giovani Avelar Vieira, a ofensiva desarticulou não apenas atividades ilícitas, mas também a estrutura administrativa da facção. “Identificamos o papel de cada integrante e conseguimos enfraquecer a engrenagem financeira que sustentava o grupo”, concluiu.
A Operação Custos Fidelis seguirá com novas etapas, e os investigados continuam sendo monitorados pelas forças de segurança.
Mín. 13° Máx. 24°