A CPI que investiga fraudes em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deverá ouvir, nesta quinta-feira (25), o depoimento de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Apontado pela Polícia Federal (PF) como principal articulador de um esquema que desviou valores bilionários, ele havia se recusado a comparecer em sessões anteriores, mas reviu a decisão depois que a comissão voltou sua atenção para familiares e pessoas próximas.
Preso no dia 12 de setembro, Antonio Carlos havia sido convocado para depor no último dia 15, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantia o direito de não responder às perguntas. Na ocasião, ele não compareceu. Com o avanço das investigações e a convocação de parentes e associados, o lobista decidiu se apresentar. Sua defesa confirmou, nesta segunda-feira (22), que ele estará presente e responderá aos questionamentos dos parlamentares.
A comissão já ouviu outros depoimentos ligados ao investigado. A mulher dele, Tânia Carvalho dos Santos, e o filho, Romeu Carvalho Antunes, recorreram à Justiça e não chegaram a ser interrogados. Dois ex-colaboradores, no entanto, prestaram esclarecimentos. Milton Salvador de Almeida Júnior depôs na última quinta-feira (18), enquanto Rubens Oliveira Costa foi ouvido nesta segunda-feira (22). Ambos negaram vínculos societários com o “Careca do INSS”. Rubens afirmou ter atuado apenas como administrador financeiro em algumas empresas ligadas ao esquema, recebendo salários e gratificações, mas nunca dividendos.
Segundo a Polícia Federal, Antonio Carlos teria movimentado R$ 53,9 milhões por meio de associações fraudulentas. O empresário Maurício Camisotti também é investigado e chegou a ser preso na mesma operação que levou o lobista à detenção. As investigações apontam que ambos integrariam a estrutura responsável por negociar descontos irregulares nos benefícios do INSS.
A importância do depoimento do “Careca do INSS” foi destacada em requerimentos apresentados pelos integrantes da CPI, como o senador Izalci Lucas (PL-DF), que classificou a convocação como uma medida “urgente e inadiável” para o avanço das apurações.
Paralelamente, a comissão aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Antonio Carlos, de Camisotti e de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS que deixou o cargo após o início da operação. Também foram autorizados pedidos de acesso a informações financeiras de empresas, sindicatos e do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem entre seus dirigentes José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As quebras de sigilo abrangem movimentações ocorridas desde a assinatura do acordo de cooperação entre o sindicato e o INSS até 2025. A expectativa dos parlamentares é de que os novos documentos reforcem as provas já reunidas pela PF sobre a dimensão do esquema, considerado um dos maiores casos de desvio de recursos ligados à previdência no país.
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