A Polícia Federal (PF) divulgou neste domingo (21) novos detalhes sobre a chamada ‘Operação Rejeito’, que investiga um esquema de mineração ilegal em Minas Gerais. Conforme reportagem exibida pelo Fantástico, a ex-companheira de Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como líder da organização criminosa, forneceu informações sobre o funcionamento do grupo e indicou locais onde parte do dinheiro ilícito estava escondido, incluindo R$ 53 milhões em espécie.
Segundo o depoimento da mulher, o empresário utilizava malas com grandes quantias em dinheiro, chegando a guardar US$ 10 milhões em um apartamento em Alagoas. Alan é acusado de articular a exploração ilegal de minério de ferro em várias regiões, incluindo a Serra do Curral, em Belo Horizonte, considerada área de preservação ambiental e cartão-postal da cidade. O esquema contava com a concessão de licenças ambientais irregulares, pagamento de propinas e uso de empresas de fachada para movimentar bilhões de reais.
Ainda de acordo com a ex-companheira, Alan tentava criar influência junto a autoridades, incluindo juízas responsáveis por processos relacionados ao esquema e a secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais, Marília Carvalho de Melo. Em 2024, o sócio do grupo, ex-deputado João Alberto Paizão Lages, chegou a ameaçar a secretária em um episódio registrado nas investigações.
A ‘Operação Rejeito’ foi deflagrada em 17 de setembro e resultou na prisão de 15 pessoas, com 22 mandados de prisão preventiva expedidos, além de buscas e apreensões em imóveis de alto padrão na Grande Belo Horizonte, principalmente em Nova Lima, e em um apartamento em Maceió (AL). Três presos foram transferidos recentemente para um presídio de segurança máxima em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A Justiça também determinou o bloqueio de bens do grupo, avaliados em até R$ 1,5 bilhão.
A investigação aponta que o grupo poderia gerar lucros superiores a R$ 18 bilhões por meio da exploração irregular de minérios, contando com a cooptação de servidores públicos para aprovar projetos ambientais de forma ilícita. Segundo a PF, os pagamentos de propina ocorriam tanto em dinheiro vivo quanto por depósitos bancários, com alguns repasses sendo mensais e outros vinculados a projetos específicos.
O caso segue sob apuração e a Polícia Federal continua monitorando os desdobramentos do esquema, enquanto os investigadores analisam a atuação dos envolvidos e a recuperação dos recursos bloqueados.
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