O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Nova York neste domingo para participar da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Como de costume, o chefe de Estado brasileiro abrirá a série de discursos na próxima terça-feira (23), seguido pelo presidente norte-americano Donald Trump, que reassumiu a Casa Branca neste ano. A coincidência na programação abre a possibilidade de um encontro inédito entre os dois líderes, marcado por expectativas e incertezas.
Esta será a primeira vez que Lula e Trump dividirão o mesmo ambiente desde a volta do republicano ao poder nos Estados Unidos. A relação entre os dois países atravessa um período de tensão, após Washington adotar tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras e acenar com novas sanções. As medidas foram justificadas por Trump em meio ao desfecho do processo judicial que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Nos bastidores da ONU, diplomatas avaliam que o discurso de Lula será uma oportunidade para enviar recados ao governo norte-americano, sem recorrer ao tom mais inflamado comum em disputas eleitorais. A expectativa é que o presidente brasileiro defenda princípios como soberania nacional, democracia e multilateralismo, buscando reforçar a imagem de equilíbrio diante da comunidade internacional.
Além das questões bilaterais, Lula deve destacar temas que vêm pautando sua agenda internacional, como a defesa do reconhecimento do Estado da Palestina e a necessidade de soluções pacíficas para a guerra na Ucrânia. Em paralelo, participará de encontros específicos sobre meio ambiente, democracia e o conflito no Oriente Médio, reforçando a estratégia de manter o Brasil como voz ativa em debates globais.
A eventual aproximação entre Lula e Trump, mesmo que apenas em diálogos informais nos corredores da ONU, é vista como um teste para medir até que ponto será possível administrar as divergências e encontrar pontos de convergência em uma relação marcada tanto por atritos econômicos quanto pela necessidade de cooperação em temas multilaterais.
Mín. 20° Máx. 35°