A Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal na última quarta-feira (17/9), revelou um esquema de corrupção envolvendo servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), acusados de cobrar propina para liberar licenças ambientais de forma irregular a mineradoras. O caso, que já ganhou repercussão nacional, ameaça desgastar politicamente o governador Romeu Zema (Novo), no momento em que ele busca consolidar sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026.
À frente do Executivo estadual desde 2019, Zema anunciou oficialmente a intenção de disputar o Palácio do Planalto em agosto deste ano, durante evento em São Paulo. Desde então, tem intensificado críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e buscado ampliar sua projeção no cenário político nacional. No entanto, a operação da PF se tornou um ponto sensível em sua trajetória, ao associar seu governo ao maior escândalo enfrentado até agora.
A investigação identificou projetos ligados ao grupo suspeito que somam impacto econômico estimado em R$ 18 bilhões. O tema rapidamente repercutiu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde parlamentares da oposição elevaram o tom das críticas. “O governador Zema está pactuando com um crime de sonegação de impostos e quer ser presidente do país. Não vai conseguir chegar lá”, afirmou o deputado Lucas Lasmar (Rede) durante audiência.
A postura inicial do governador, que optou pelo silêncio e delegou a manifestação oficial ao secretário de Comunicação, Bernardo Santos, também gerou desconforto. Nas redes sociais, seguidores cobraram explicações diretas de Zema sobre o episódio. Diante da pressão, o governador acabou se pronunciando na tarde de quinta-feira (18/9), em resposta a jornalistas.
Especialistas avaliam que a reação contida pode ter sido estratégica. O cientista político Adriano Cerqueira, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), considera que Zema buscou cautela para avaliar o grau de envolvimento dos servidores, mas também pensou em preservar sua imagem eleitoral. Já Lucas Gelape, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entende que o caso inevitavelmente terá impacto no cenário de 2026. “Esse assunto será trazido à tona durante a campanha. É um flanco aberto para ataques de adversários”, analisou.
Com a investigação em andamento e a pressão da oposição em alta, o caso coloca o governador mineiro diante de um desafio político e eleitoral, em um momento decisivo de sua trajetória rumo à disputa presidencial.
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