A Comissão de Segurança Pública do Senado recebeu nesta terça-feira (2) o ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro. Durante a audiência, ele apresentou documentos que, segundo seu relato, apontam supostas irregularidades em decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Tagliaferro afirmou que, para justificar uma operação policial, houve alteração na data de uma petição do inquérito que investigava mensagens de empresários sobre um possível golpe de Estado. De acordo com o ex-assessor, a medida teria sido tomada para que a decisão não parecesse baseada apenas em reportagens da imprensa. Ele declarou ainda que foi orientado a produzir relatórios e mapas mentais após a realização da operação, com o objetivo de sustentar juridicamente as medidas.
Na ocasião, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra empresários como Luciano Hang, da Havan, e Afrânio Barreira Filho, do grupo Coco Bambu. Além das buscas, Alexandre de Moraes determinou bloqueio de contas bancárias, suspensão de perfis em redes sociais, quebras de sigilo e depoimentos.
Os documentos entregues por Tagliaferro ainda não foram encaminhados formalmente às autoridades competentes. Senadores da comissão informaram que estão avaliando os próximos passos. O ex-assessor, que hoje vive na Itália, já foi denunciado por violação de sigilo funcional e obstrução da justiça.
Em nota oficial, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes negou qualquer irregularidade. Segundo o comunicado, todos os relatórios e decisões foram tomados dentro da legalidade, com ciência da Procuradoria-Geral da República e devidamente registrados nos autos. A assessoria ressaltou que as medidas se inseriram em investigações sobre fake news, milícias digitais e tentativas de golpe contra a democracia.
O depoimento de Tagliaferro ocorreu no mesmo dia em que o STF iniciou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados acusados de participação em um plano de golpe de Estado.
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