O ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Eduardo Tagliaferro, afirmou nesta terça-feira (2/9) que um relatório utilizado para justificar uma operação da Polícia Federal (PF) contra empresários bolsonaristas teve sua data alterada. Segundo ele, a medida teria ocultado que a ação policial se baseou apenas em uma reportagem jornalística publicada em agosto de 2022 pelo site Metrópoles.
Durante audiência pública promovida por senadores de oposição na Comissão de Segurança Pública do Senado, Tagliaferro exibiu documentos e arquivos que, segundo ele, comprovam a alteração. O caso envolve mensagens de WhatsApp em que empresários teriam discutido medidas para manter Jair Bolsonaro no poder. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em 23 de agosto de 2022, e o relatório contestado, produzido posteriormente, aparece nos autos como datado de 22 de agosto — um dia antes da operação.
Em nota enviada ao UOL, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes afirmou que todos os relatórios foram produzidos dentro da legalidade, com participação da Procuradoria-Geral da República, e descrevem postagens ilícitas realizadas nas redes sociais. O gabinete destacou ainda que, nos inquéritos sobre fakes news e milícias digitais, foram adotadas diversas diligências formais envolvendo órgãos como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante a audiência, senadores de oposição, incluindo o filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), cobraram a suspensão do julgamento de Bolsonaro no STF e chegaram a propor a inclusão das acusações em pedidos de impeachment contra Moraes. Tagliaferro afirmou que o episódio relatado foi o único caso em que ele e a Assessoria de Enfrentamento à Desinformação teriam produzido uma informação fraudulenta, no caso, a alteração da data do relatório.
Ao final da sessão, que durou mais de oito horas, os parlamentares decidiram encaminhar o relatório da audiência para o STF, TSE, OAB, CNJ e organismos internacionais, incluindo Parlamento Europeu e Organização dos Estados Americanos (OEA). Também foi solicitado pedido de proteção para Tagliaferro, que está na Itália, e para familiares do perito no Brasil.
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