Minas Gerais registrou 1.746 casos confirmados de febre oropouche em pouco mais de um ano, desde as primeiras notificações em maio de 2024. A doença viral é transmitida pelo mosquito conhecido popularmente como “mosquito pólvora” e provoca sintomas semelhantes aos da dengue, zika e chikungunya, como dor de cabeça intensa, dores musculares, náuseas e diarreia, o que dificulta o diagnóstico clínico sem exames laboratoriais específicos. O alerta foi reforçado recentemente pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), que é responsável pelas análises laboratoriais e pelo monitoramento da doença no estado.
A febre oropouche tem chamado a atenção, especialmente após quatro mortes registradas em 2025 no estado vizinho do Rio de Janeiro. No território mineiro, os casos foram identificados a partir de testes negativos para outras arboviroses, confirmando a presença do vírus por meio de kits específicos fornecidos pelo Ministério da Saúde. Segundo Myrian Morato Duarte, referência técnica do Laboratório de Arbovírus da Funed, esses exames são essenciais para o diagnóstico preciso da doença.
O inseto transmissor passa por um ciclo de vida que dura entre 30 e 40 dias, compreendendo os estágios de ovo, quatro fases larvais, pupa e adulto. Diferentemente do Aedes aegypti, o mosquito pólvora desenvolve-se em ambientes úmidos e com abundância de matéria orgânica, como mangues, margens de rios e riachos, áreas com folhiço, cascas de frutas em decomposição, fezes de animais e plantações de banana e cacau, conforme explica Ana Lúcia do Amaral Pedroso, referência técnica do Laboratório de Entomologia da Funed.
Para evitar a contaminação, a principal recomendação é evitar permanecer em locais onde o vetor está presente, sobretudo no final da tarde, período de maior atividade do mosquito. Caso seja necessário ingressar em áreas infestadas, especialistas indicam o uso de roupas que ofereçam proteção física, como camisas de manga longa, calças compridas e calçados fechados. A aplicação de óleo corporal nas áreas do corpo expostas é uma medida complementar que cria uma barreira física contra o inseto, mas não possui efeito repelente ou inseticida. É importante usar produtos próprios para o corpo e evitar óleos de cozinha ou fórmulas caseiras, que podem causar reações alérgicas.
Vale destacar que os repelentes usados contra o Aedes aegypti não têm eficácia comprovada contra o mosquito pólvora, pertencente a uma família diferente de insetos, o que reforça a necessidade de cuidados específicos para evitar a febre oropouche. A Funed mantém a vigilância e reforça a importância da prevenção, uma vez que ainda não há tratamento específico para a doença, que pode evoluir para quadros graves.
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