O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) pode ser interrompido em 800 cidades de Minas Gerais a partir da próxima semana. A possibilidade de paralisação, que afetaria cerca de 94% do território mineiro, foi anunciada por dez consórcios de saúde responsáveis pela operação do serviço, que enviaram um ofício ao Ministério da Saúde exigindo providências diante do que classificam como um déficit alarmante no financiamento da rede de urgência e emergência. Segundo o documento, a projeção para 2025 aponta um rombo de R$ 56,8 milhões, o que ameaça diretamente a continuidade das operações.
O alerta foi feito com prazo: até a próxima terça-feira, 8 de julho, os consórcios esperam que o Ministério da Saúde ou o governo estadual iniciem tratativas para restabelecer o equilíbrio financeiro do sistema. Caso contrário, medidas legais para deflagrar greve serão adotadas. De acordo com os gestores, os valores atualmente repassados pelo governo federal variam de 0% a 40% do previsto, o que representa uma redução considerável da contribuição originalmente estimada em 50% do custeio — já inferior aos 75% de anos anteriores.
Entre os exemplos apresentados, o consórcio da região Nordeste e Jequitinhonha afirma ter recebido apenas R$ 1,5 milhão mensais, o que corresponde a pouco mais de 40% do valor necessário. Já o consórcio do Noroeste de Minas alega não ter recebido nenhum recurso federal em 2024. O cenário tem gerado apreensão não apenas entre os gestores, mas também entre os profissionais que atuam no Samu. Cerca de dois mil condutores e socorristas pressionam por melhorias salariais e condições de trabalho mais justas, diante do que consideram sobrecarga e remuneração incompatível com a complexidade das funções exercidas.
A diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sindsaúde-MG), Núbia Dias, afirma que a crise compromete o futuro do serviço. Segundo ela, a desvalorização profissional tem desestimulado concursos públicos e provocado evasão de trabalhadores, o que coloca em risco a manutenção de um dos principais sistemas móveis de urgência do país. Ela reforça que, se a greve for confirmada, será realizada dentro dos parâmetros legais para serviços essenciais, garantindo um percentual mínimo de equipes em operação.
Em meio à crise, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, negou que exista um piso obrigatório de repasses para o Samu. Em visita a Minas no último mês, Padilha afirmou que a atual gestão promoveu o primeiro reajuste dos valores em mais de uma década, com aumento de 30% nos recursos federais. Ele prometeu apurar o caso, mas classificou como inverídica a alegação de que a União estaria descumprindo um parâmetro fixo de financiamento.
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