O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta quinta-feira (5) à Polícia Federal em Brasília, onde admitiu ter transferido R$ 2 milhões para a conta de seu filho Eduardo Bolsonaro, que atualmente vive nos Estados Unidos. Segundo Jair Bolsonaro, o valor é destinado a garantir o sustento do parlamentar e dos dois netos que ele tem no exterior, ressaltando que “lá fora, tudo é mais caro”. “Vocês sabem que, lá atrás, eu não fiz campanha, mas foram depositados na minha conta R$ 17 milhões. Eu botei R$ 2 milhões na conta dele. Lá fora pode ser nem tanto, dá uns 350 mil dólares, mas eu quero o bem-estar dele”, declarou o ex-presidente, reconhecendo que o montante é “bastante dinheiro”, mas justificando a transferência como necessária para o conforto da família.
O depoimento foi prestado no âmbito de um inquérito aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que investiga Eduardo Bolsonaro por supostos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigações relacionadas a organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a oitiva e é o relator do caso, uma vez que também conduz outras investigações relacionadas à atuação de Jair Bolsonaro e seus aliados na chamada trama golpista e no inquérito das fake news. Moraes busca esclarecer se o ex-presidente teria sido diretamente beneficiado pelas ações de seu filho nos Estados Unidos.
Durante o depoimento, Jair Bolsonaro negou qualquer lobby ou tentativa de pressão por parte de Eduardo para que o governo americano adotasse sanções contra autoridades brasileiras. “Eu converso com o meu filho de vez em quando. O trabalho que ele faz lá é por democracia no Brasil. Não existe sancionamento de qualquer autoridade, aqui ou no mundo, por parte do governo americano por lobby. É tudo por fatos, então não adianta ninguém querer jogar para cima dele”, afirmou. Bolsonaro reforçou que se sente perseguido politicamente e afirmou não enxergar irregularidades nas condutas do filho. “Para mim a perseguição continua. Se meu filho estivesse cometendo qualquer ato irregular lá, parte do parlamento americano, com quem ele mantém contato, estaria cometendo um crime também”, declarou.
Ao ser questionado sobre o depoimento que deve prestar diretamente ao ministro Alexandre de Moraes na próxima semana, Bolsonaro se mostrou satisfeito com a oportunidade de esclarecer os fatos, especialmente sobre as alegações relacionadas a um possível golpe de Estado. “Eu acho que é excelente a ideia de, ao vivo, nós falarmos sobre golpe de Estado. Estou muito feliz porque teremos a oportunidade de esclarecer o que aconteceu naquele momento. O senhor vai responder, senhor. Sem problema nenhum”, afirmou.
Por fim, o ex-presidente negou ter qualquer ligação com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que teve suas contas bloqueadas e está foragida após condenação pelo Supremo. “Eu vi pela imprensa que estou no inquérito também sobre Zambelli. Mas esse assunto não foi tratado. Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, não botei dinheiro no Pix dela, tá certo? Realmente acompanhei pela imprensa o caso dela”, concluiu Bolsonaro.
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