O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), notificou oficialmente a Câmara dos Deputados, na noite desta quarta-feira (5), para que suspenda o pagamento do salário da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A medida faz parte do conjunto de decisões adotadas pelo ministro ao decretar a prisão preventiva da parlamentar, acusada de tentar fugir da aplicação da lei penal após sua condenação. Moraes também determinou o bloqueio do passaporte da deputada e solicitou sua inclusão na lista de difusão vermelha da Interpol, usada para localizar foragidos da Justiça em território internacional.
Carla Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF a dez anos de prisão em regime fechado e à perda do mandato, por envolvimento na invasão hacker dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, Moraes autorizou a abertura de um novo inquérito contra a deputada, que agora será investigada também por supostos crimes de coação no curso do processo e tentativa de obstrução de investigação relacionada a organização criminosa.
A parlamentar, que já responde a um processo criminal no STF por perseguir um homem com uma arma de fogo nas ruas de São Paulo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022, deixou o Brasil no último fim de semana. Em uma live transmitida na terça-feira (4), afirmou que se estabeleceu na Europa e que pedirá afastamento do mandato, seguindo os passos do colega Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos. Em entrevistas posteriores, seu marido contradisse a versão inicial, afirmando à CNN Brasil que o casal estaria, na verdade, nos EUA.
Carla Zambelli também passou a ser alvo de questionamentos sobre a arrecadação de recursos via Pix para supostamente pagar multas impostas pelo STF. Ela declarou ter arrecadado R$ 285 mil por meio de uma "vaquinha" virtual organizada por ela mesma. A campanha começou em 19 de maio, e em poucos dias, a parlamentar divulgou extratos bancários informando que sua conta, antes negativa em R$ 14 mil, já contava com saldo positivo superior a R$ 285 mil. Zambelli usou as redes sociais para agradecer aos apoiadores e afirmar que as penalidades impostas seriam frutos de “perseguição implacável”.
Ao justificar sua mudança para o exterior, Zambelli alegou possuir cidadania italiana e afirmou que, por isso, não poderia ser deportada. “Sou intocável na Itália”, declarou, indicando que pretende se fixar no país europeu, onde, segundo ela, a legislação não permitiria sua extradição por ser cidadã local. Moraes, por sua vez, sustenta que o comportamento da deputada demonstra tentativa de fuga e de frustração da execução penal, o que justificaria a decretação da prisão preventiva.
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