A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, nesta quarta-feira (21), a derrubada do veto do governador Romeu Zema ao projeto de lei que garante às servidoras públicas civis e militares o direito de solicitar transferência de local de trabalho em caso de ameaça decorrente de violência doméstica ou familiar. Com a decisão, a proposta passa a valer como lei estadual e representa um avanço significativo na proteção de mulheres em situação de vulnerabilidade dentro do serviço público.
A nova norma assegura que a transferência poderá ser feita sem prejuízo da função ou do vínculo profissional da servidora, sendo preferencialmente para outro posto dentro do mesmo município. A intenção é afastar a vítima do agressor e oferecer condições para que ela continue trabalhando em segurança.
O projeto, aprovado por unanimidade em março pelos deputados estaduais, havia sido vetado em abril pelo Executivo sob a justificativa de que criaria um tratamento desigual ao beneficiar apenas servidoras do Poder Executivo, além de supostamente ferir a Constituição Estadual ao invadir competência privativa do governador. No entanto, a mobilização de parlamentares — em especial deputadas de diversos partidos — resultou na rejeição do veto, com forte apoio da sociedade civil.
A medida ganha relevância diante de um cenário preocupante: Minas Gerais registrou o segundo maior número de feminicídios do país em 2023, ficando atrás apenas de São Paulo, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, a violência contra a mulher no estado cresceu 18% nos últimos dois anos.
Inspirada em modelo já aplicado no serviço público federal, a nova lei estadual deverá ser regulamentada com base nos procedimentos internos de cada órgão da administração mineira, garantindo que mais mulheres tenham uma alternativa segura diante de situações de risco.
Mín. 15° Máx. 26°