A BR-381, conhecida há décadas como “Rodovia da Morte” devido ao alto índice de acidentes, completou nesta sexta-feira (17) os primeiros 100 dias sob a gestão da concessionária Nova 381. No entanto, apesar das promessas feitas no momento da assinatura do contrato com o governo federal, em 6 de fevereiro, várias intervenções previstas para esse período ainda não foram totalmente executadas.
O compromisso inicial incluía capina das margens, recapeamento, tapa-buracos e renovação completa da sinalização no trecho de 260 km entre Caeté e Governador Valadares. Uma visita ao longo da rodovia nesta semana revelou que apenas a capina foi integralmente realizada, o que permitiu melhor visualização das placas verticais. Ainda assim, muitas delas permanecem danificadas ou mal conservadas.
As deficiências mais críticas, contudo, permanecem na sinalização horizontal — as faixas pintadas no asfalto para orientar os motoristas. No trecho entre Antônio Dias e Timóteo, com cerca de 42 km, as marcas estão apagadas ou desencontradas, o que gera confusão e aumenta os riscos para quem trafega por ali. O trecho também conta com cinco túneis, construídos em gestões anteriores e hoje marcados por irregularidades: ausência de refletores, asfalto desgastado e quebra-molas mal posicionados.
Entre os municípios do Vale do Aço — Timóteo, Coronel Fabriciano e Ipatinga — a situação também é crítica. Embora a capina tenha sido feita, buracos e irregularidades no asfalto persistem, sobretudo entre Santana do Paraíso e Naque. Apenas a partir desse ponto em direção a Governador Valadares é possível observar melhorias mais significativas, com recapeamento completo e sinalização em condições adequadas.
A cobrança de pedágio, prevista para começar somente após fevereiro de 2026, está condicionada à entrega dessas intervenções básicas. Ao todo, serão construídas cinco praças de pedágio, com tarifas estimadas entre R$ 10,75 e R$ 13,75. Elas estarão localizadas em Caeté, João Monlevade, Jaguaraçu, Belo Oriente e Governador Valadares.
Outro ponto polêmico da concessão é o trecho de 43 km entre Belo Horizonte e Caeté, que ficou fora da licitação. Segundo o governo federal, o volume de desapropriações necessárias nesse segmento desestimulou os investidores. Ficou definido que o próprio governo executará as obras e as desapropriações, repassando o trecho à Nova 381 somente após a conclusão.
Em nota, tanto a concessionária quanto a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sustentam que o cronograma dos 100 primeiros dias foi cumprido. No entanto, a realidade observada na estrada mostra que o desafio de transformar a perigosa BR-381 em uma rodovia segura e funcional está apenas começando.
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