Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro saíram às ruas de Brasília na tarde desta quarta-feira (7) em uma manifestação que pediu anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O protesto, conduzido por um trio elétrico, teve início por volta das 16h, na região da Torre de TV, e seguiu até a Esplanada dos Ministérios, encerrando-se pouco antes das 18h. Usando camisetas da seleção brasileira e empunhando faixas com pedidos de anistia, os manifestantes ocuparam duas faixas do Eixo Monumental. A Polícia Militar do Distrito Federal ainda não divulgou uma estimativa oficial de público.
O ato contou com a presença de Bolsonaro, recém-saído de uma internação hospitalar de três semanas após uma cirurgia no intestino. Também participaram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o pastor evangélico Silas Malafaia — organizador da mobilização — e diversos parlamentares aliados do ex-presidente. Em sua fala, Bolsonaro afirmou que a anistia é uma prerrogativa exclusiva do Congresso Nacional, sugerindo que os parlamentares têm a competência para reverter as condenações dos envolvidos na tentativa de golpe. A posição atual da cúpula do Congresso, porém, é de rejeição a qualquer projeto que conceda perdão aos investigados ou condenados pelos atos criminosos que depredaram as sedes dos Três Poderes.
A manifestação ocorre em meio ao avanço de investigações sobre o envolvimento do próprio Bolsonaro na articulação de um golpe de Estado. Na semana passada, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, transformar o ex-presidente e outros 20 aliados em réus por tentativa de golpe após aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. O processo marca um novo capítulo na crise institucional iniciada após as eleições de 2022, cujos desdobramentos ainda reverberam na política brasileira.
Mesmo pressionado pelas investigações, Bolsonaro mantém apoio entre parte da base conservadora e tenta mobilizar força política em defesa dos envolvidos nos atos antidemocráticos. A manifestação desta quarta reflete essa estratégia, com foco na narrativa de que os condenados devem ser perdoados — apesar da rejeição do Supremo e da resistência do Congresso. Enquanto isso, os processos judiciais seguem em curso, e o debate sobre anistia continua polarizando o país.
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