As apreensões de comprimidos de rebite, uma droga do tipo anfetamina que inibe o sono e é usada para prolongar o tempo de direção, dispararam nas rodovias federais que cortam Minas Gerais. De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número de comprimidos apreendidos saltou de 1.821 em 2023 para 7.566 em 2024, representando um crescimento de 315%, o maior dos últimos cinco anos. Apenas nos primeiros três meses de 2025, 932 comprimidos já foram recolhidos pelas equipes da PRF, a maioria em veículos de carga conduzidos por motoristas que admitem o uso da droga para percorrer longas distâncias sem parar.
O uso do rebite entre caminhoneiros é uma prática recorrente, apesar dos riscos envolvidos. A substância, ao estimular o sistema nervoso central, dá a falsa sensação de energia e diminuição da fadiga, mas compromete gravemente a percepção de tempo, distância e velocidade. Segundo o policial rodoviário federal Cristiano Mendes, esse comprometimento aumenta significativamente a probabilidade de acidentes. “A anfetamina inibe o sono por parte do condutor, fazendo com que ele permaneça mais tempo dirigindo. E isso traz consequências graves na percepção dele, com relação a tempo, espaço, distância, velocidade, aumentando consideravelmente a possibilidade dele se envolver em um acidente de trânsito”, alertou.
Em um dos casos recentes, registrado em março deste ano, um caminhoneiro de 27 anos foi preso com 168 comprimidos escondidos em 12 cartelas, após ser flagrado realizando uma ultrapassagem em local proibido, na altura de Buenópolis, na região Central de Minas. Ele foi autuado por porte de droga para consumo e encaminhado à delegacia local.
O avanço das apreensões também está relacionado ao aumento da fiscalização. A PRF reforçou o patrulhamento e os pontos de abordagem após perceber o crescimento no consumo da substância entre profissionais do transporte rodoviário. Além do rebite, outras drogas também foram encontradas com mais frequência. A apreensão de maconha, por exemplo, subiu de 17,2 toneladas em 2023 para 23,2 em 2024. Um dos casos de maior repercussão aconteceu recentemente, quando um homem foi preso transportando meia tonelada da droga em uma caminhonete na BR-497, próximo a Uberlândia.
Apesar dos números alarmantes, o Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros afirmou, ao ser procurado, que não vê relação direta entre as apreensões de anfetamina e os trabalhadores da categoria. No entanto, especialistas apontam que a pressão por prazos e ganhos financeiros extras pode estar incentivando parte dos motoristas a recorrerem ao uso de estimulantes como o rebite.
Conhecido por seus efeitos de redução do sono, perda de apetite e aumento da capacidade de foco e resistência física, o rebite pode ter consequências perigosas à saúde e à segurança viária. A PRF segue intensificando os trabalhos de combate ao uso da droga, na tentativa de reduzir os riscos de acidentes graves nas estradas do estado.
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