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Zema intensifica críticas ao governo Lula na segurança pública mirando 2026

Em meio a crise policial em Minas, governador adota discurso combativo contra propostas do PT e se projeta nacionalmente como pré-candidato ao Planalto

18/04/2025 às 14h00
Por: Redação
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Foto: Divulgação
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Faltando pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), começa a desenhar com mais clareza a estratégia que pretende adotar para ganhar projeção nacional, especialmente no debate sobre segurança pública — tema que deve dominar as discussões eleitorais em 2026. Em meio a pressões internas e episódios recentes de violência no estado, Zema elevou o tom contra o governo federal, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e passou a criticar abertamente pautas ligadas à gestão petista, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança e a desmilitarização das polícias militares, proposta historicamente defendida por setores da esquerda.

Na prática, o governador mineiro tenta se contrapor ao discurso do governo federal ao mesmo tempo em que se apresenta como alternativa no campo da direita para a disputa presidencial. Seu nome figura entre os possíveis pré-candidatos ao Planalto, ao lado de outros governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás — este último já tendo sinalizado publicamente sua intenção de disputar a presidência.

O ponto de partida da nova ofensiva de Zema foi a crise recente envolvendo os servidores da segurança pública de Minas Gerais. No último dia 8 de abril, cerca de 300 policiais civis, agentes penitenciários e aposentados foram às ruas de Belo Horizonte para cobrar reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A manifestação fechou o trânsito no coração da capital mineira, a praça Sete, e evidenciou a insatisfação da categoria. A tensão se agravou ainda mais com o ataque de uma quadrilha do chamado “novo cangaço” à cidade de Guaxupé, no Sul de Minas, na mesma madrugada. O grupo criminoso invadiu a cidade, explodiu bancos e atacou o quartel da PM, escapando sem ser localizado, mesmo após buscas intensivas.

Em resposta, a gestão estadual passou a adotar um discurso mais enfático. Em publicação feita no dia 3 de abril, Zema comemorou a atuação da polícia em um caso de sequestro em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e aproveitou para reforçar sua narrativa de endurecimento contra o crime. “A Polícia Civil agiu rápido, fechou o cerco pra vagabundo e resgatou o empresário sequestrado. Aqui criminoso não tem vez: reforçamos a segurança, colocamos bandido para correr e vamos atrás até prender e jogar atrás das grades”, escreveu o governador.

O vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo), tem sido peça-chave na divulgação desse posicionamento, repetindo críticas ao governo federal sempre que possível. Durante uma visita à Câmara Municipal de Belo Horizonte, ele defendeu que o número de ataques violentos em Minas caiu e acusou o PT de historicamente defender a extinção da Polícia Militar e a desmilitarização das forças policiais. “A esquerda pode até defender a pauta sindical da segurança pública, mas não gosta de policial. Nós somos contra a desmilitarização. Somos a favor da polícia como ela existe: responsável e que entrega resultados”, afirmou.

Simões também atacou a PEC da Segurança, proposta pelo governo Lula, afirmando que a medida daria à União um controle excessivo sobre as polícias estaduais. “O governo federal quer assumir o comando das nossas polícias quando ele não dá conta de conduzir nem as polícias dele”, ironizou o vice.

O Ministério da Justiça, no entanto, rebateu as afirmações. Em nota, a pasta comandada por Ricardo Lewandowski esclareceu que o texto da PEC foi elaborado após diversas reuniões com governadores e representantes da sociedade civil, respeitando preocupações sobre a autonomia dos Estados. “A proposta não retira a subordinação das polícias aos governadores”, disse o ministério, negando a intenção de federalizar o controle das forças estaduais. O texto ganhou, inclusive, um parágrafo específico para assegurar que as competências estaduais seriam mantidas, inclusive no comando das polícias militares, civis e penais.

Ainda que negue publicamente a candidatura, o governador mineiro tem se movimentado com cuidado para manter espaço no debate nacional. Diferente de Caiado, que adota uma retórica de confronto direto ao crime — como o já famoso bordão “ou os bandidos mudam de profissão, ou mudam de Estado” —, Zema tenta se apresentar como um gestor técnico, mas firme, capaz de manter a segurança sem abrir mão do controle fiscal. Tarcísio, por sua vez, tenta estruturar sua própria vitrine, tendo criado em São Paulo um comitê com participação da sociedade civil para desenvolver políticas de segurança.

Enquanto isso, Zema lida com os desafios internos. Para conter novas manifestações dos servidores da segurança, o governo estadual anunciou em março o pagamento de um auxílio-alimentação de R$ 50. Porém, a categoria segue insatisfeita e não há previsão de reajuste salarial para 2025, o que mantém o clima de tensão entre o Executivo e os profissionais da área. Ainda assim, o governador segue apostando que, com discurso firme e oposição direta ao governo federal, poderá conquistar visibilidade nacional e viabilizar sua entrada na corrida presidencial do ano que vem.

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