Apesar de a inflação no atacado ter registrado uma queda em abril, o consumidor ainda não sente alívio nos preços nas prateleiras dos supermercados. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (15) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) recuou 0,22% neste mês, após ter apresentado uma leve alta de 0,04% em março. O movimento foi impulsionado principalmente pela queda nos preços de importantes commodities, como o café em grão (-2,71%), arroz em casca (-12,14%), carne bovina (-2,28%), suínos (-5,33%) e o minério de ferro (-3,79%).
Segundo o economista Matheus Dias, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), o recuo reflete principalmente o comportamento dos preços no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa a maior parte do IGP-10. Ele explica que os produtos com maior peso nessa deflação foram justamente aqueles com impacto direto na cadeia produtiva dos alimentos. O IPA-10, que mede a variação dos preços no atacado, passou de uma retração de 0,26% em março para uma queda ainda maior, de 0,47% em abril. A desaceleração foi observada em todas as etapas de produção: os Bens Finais cresceram apenas 0,22% (contra 1,12% em março), os Bens Intermediários caíram 0,33% (após alta de 0,14%) e as Matérias-Primas Brutas recuaram 1%, frente à queda de 1,36% no mês anterior.
Mesmo com a deflação no atacado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação percebida diretamente pela população, ainda mostrou avanço. Em março, o IPCA subiu 0,56%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pressionado principalmente pelos alimentos. Resta saber se a redução nos preços dos produtos na origem chegará de fato ao consumidor final nos próximos meses. O IPCA de abril será divulgado na primeira semana de maio e poderá indicar se os preços no varejo começam a refletir o movimento registrado no atacado.
No acumulado de 12 meses, o IGP-10 ainda registra alta de 8,71%, o que reforça a distância entre o alívio no setor produtivo e a realidade enfrentada nas compras do dia a dia. Para que a queda no custo das matérias-primas e das proteínas chegue ao varejo, é preciso que o movimento se mantenha consistente e que não haja novos choques de oferta ou gargalos na cadeia de distribuição. Enquanto isso, o consumidor continua à espera de preços mais baixos no carrinho de compras.
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