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Já são 32 mortos e mais de 10 mil desabrigados em tragédia no Sul

O fenômeno desta semana deve afetar rios de todo o estado. Guaíba pode chegar aos 5 metros, ultrapassando recorde de 1941. Barragens e encostas estão sob risco

03/05/2024 às 08h38
Por: Redação
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Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters
Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

O Rio Grande do Sul registrou, até o início desta sexta-feira, 3 de maio, 32 mortes e 60 desaparecidos em razão dos temporais que atingem o estado desde segunda, 29 de abril. O impacto das chuvas isoladas ocorre sobre todo território gaúcho.

A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação.

"Não é só pra quem está à margem do Rio Jacuí, à margem do Rio Taquari, enfim. Outros rios, arroios e canais também sofrem essa essa interferência e é importante tomar cuidado nessas diversas localidades", diz o governador Eduardo Leite (PSDB), que já afirmou que o temporal é "o maior desastre do estado" e que o Rio Grande do Sul vive uma "situação de guerra".

O governo decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.

A Defesa Civil afirma que além dos 32 mortos e 60 desaparecidos, 36 pessoas ficaram feridas. O órgão soma cerca de 14,8 mil pessoas fora de casa, sendo 4.645 pessoas em abrigos e 10.242 desalojados (na casa de familiares ou amigos). Ao todo, 154 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 71,3 mil pessoas.

O governo do estado emitiu alertas com relação a barragens em diversas regiões do RS. A barragem Blang, no Rio Caí, perto de São Francisco de Paula, é monitorada devido ao risco de rompimento. Outra estrutura em estado crítico é a barragem São Miguel, entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira.

A barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente na tarde desta quinta. A água não provocou um aumento significativo nos volumes dos rios das Antas e Taquari.

Diferente das barragens de rejeitos de minério, como as que provocaram as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, as estruturas sob risco no estado são de usinas hidrelétricas. As barreiras represam a água de rios para a geração de energia.

Além das cheias, o Rio Grande do Sul está em risco de deslizamentos. O estado já registrou vítimas de soterramentos. O governador Eduardo Leite alertou para o perigo em regiões de relevo elevado, como a Serra e os vales dos rios Taquari e Caí.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Rio Grande do Sul nesta quinta, 2 de maio. Lula e a comitiva do governo federal desembarcaram na base aérea de Santa Maria por volta de 10h40. Lula se reuniu com o governador, o prefeito de Santa Maria e outras lideranças locais.

Lula prestou solidariedade às famílias atingidas e prometeu ajuda ao estado, afirmando que não faltarão recursos e que o governo federal vai atuar em conjunto com o governo local.

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social informou que vai facilitar o saque e antecipar para 17 de maio os pagamentos do Bolsa Família para beneficiários do programa que vivem nas regiões atingidas pelas enchentes.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, anunciou o envio de recursos do Poder Judiciário para auxiliar a população afetada pelas fortes chuvas que atingem o estado.

Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.

A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.

A previsão é de que a condição se mantenha até sábado, 4 de maio, com acumulados que podem chegar até 400 milímetros. O volume deve se somar aos mais de 300 milímetros de chuva registrados nos últimos 4 dias.

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