Minas Gerais se prepara para uma nova etapa de concessões rodoviárias que promete transformar sua malha viária. O estado, que liderou em 2024 o ranking de pontos críticos em rodovias pavimentadas no Brasil, segundo a Pesquisa CNT, planeja leiloar cinco lotes de estradas estaduais em 2025. Caso todos os pregões sejam bem-sucedidos, a extensão de vias mineiras geridas pela iniciativa privada pode mais que dobrar, passando de 2.350 km para 5.147 km. Paralelamente, a União planeja a relicitação de trechos da BR-040 até abril, ampliando em quase 3.000 km a rede de rodovias concedidas no estado, com investimentos estimados em R$ 38 bilhões ao longo de 30 anos.
O programa inclui importantes rodovias estaduais, como a BR-356, que conecta Nova Lima a Mariana, e é marcada por um histórico crítico de acidentes, com 509 registros e sete mortes em 2024. O governo estadual prevê duplicar 67 km dessa estrada e adicionar quase 40 km de faixas extras, com R$ 2 bilhões vindos do acordo de compensação pelo rompimento da barragem da Samarco e mais R$ 3 bilhões da empresa vencedora do leilão. Além das rodovias estaduais, o governo federal retoma concessões de trechos federais, como a BR-381 e a BR-262, após fracassos anteriores em governos passados.
Especialistas avaliam que as concessões representam um avanço significativo para a infraestrutura de Minas Gerais. O engenheiro Márcio Aguiar destaca que, apesar da importância das obras, é essencial haver uma fiscalização rigorosa para garantir o cumprimento dos contratos. Por sua vez, o engenheiro Silvestre Andrade vê as concessões como uma reação tardia, mas necessária, para que o estado alcance o patamar de outras regiões, como São Paulo, que lidera em rodovias privatizadas.
Entretanto, as concessões também enfrentam críticas. O deputado Leleco Pimentel (PT), da oposição ao governo estadual, questiona o modelo de privatização e defende ajustes no tempo de contrato. A polêmica entre os benefícios e os desafios das concessões reflete o impacto das decisões que envolvem a gestão de rodovias em um estado com a maior malha viária do país.
Foto: Alex de Jesus / O TEMPO
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