A proposta do Governo de Minas Gerais de conceder à iniciativa privada nos trechos da Linha Verde (MG-010), MG-424 e LMG-800 — rodovias que dão acesso ao Aeroporto de Confins, à Serra do Cipó e às cidades importantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte — tem gerado fortes indignações entre moradores e lideranças locais. O plano prevê a instalação de 13 pedágios ao longo dessas vias, uma medida que, segundo a população, ignora impactos financeiros, sociais e econômicos para quem vive ou transita pela região.
Apesar da oposição crescente, o governador Romeu Zema (Novo) reafirmou nesta sexta-feira (13), durante entrevista coletiva na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), ser a favor da medida. “Sempre tenho dito: é melhor ter estrada pedagiada do que nenhuma estrada. Tenho repetido isso à exaustão. Mas, tudo que nós temos feito tem consulta pública. Tudo vai ser feito com critério. O que nós queremos é melhorar o trânsito, a segurança e o conforto de quem transita”, declarou.
Zema destacou que as estradas do Vetor Norte estão entre as mais críticas do estado, especialmente no trecho que liga a Cidade Administrativa a Sete Lagoas, passando pelo Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Ele identificou a insuficiência de recursos estaduais para melhorias. “Nós sabemos que o Vetor Norte hoje é um grande gargalo. Quem sai da Cidade Administrativa e quer ir em direção a Sete Lagoas, no sentido Aeroporto de Confins, vai passar por um dos piores trechos que temos no Estado”, questionou o governador.
O projeto prevê a instalação de praças de pedágio com tecnologia de fluxo livre, ou free flow , em 12 municípios da região. Nesse modelo, já adotado em Monte Sião, no Sul de Minas, não há cancelamentos; Captam a placa e os sensores características do veículo sem que o motorista precise parar ou reduzir a velocidade. A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) informou que o contrato inclui investimentos de R$ 3 bilhões em melhorias ao longo de 30 anos, além de R$ 1,3 bilhão em serviços aos usuários, como atendimento médico de emergência e guincho.
A cobrança dos pedágios ainda não tem valores definidos, mas a instalação de dois pontos de pesagem para veículos de carga também está prevista. Segundo o governo, as audiências públicas serão fundamentais para decidir o futuro do projeto. “Nós vamos deixar do jeito que está? Ou será que é melhor ter uma concessão e ter algum pedágio ali? Então, eles (moradores, vereadores e prefeitos) é que vão definir. Não sou eu que vai definir. Se alguém falar: é melhor viver com gargalo, é melhor não ter pedágio. Não sou dono da verdade. Nós vamos fazer aquilo que as audiências mostrarem”, garantiu Zema.
Enquanto o governo argumenta que a concessão é a única saída para atrair investimentos e garantir estradas seguras, os moradores da região questionam os benefícios prometidos. Para eles, o impacto financeiro dos pedágios em 13 trechos será pesado para quem depende diariamente dessas rodovias, especialmente em áreas economicamente vulneráveis.
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