O Governo de Minas Gerais e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) uniram esforços para lançar o projeto “Ginga: Construindo uma Educação Antirracista em Minas Gerais”, que promete transformar o ambiente escolar ao promover a equidade racial. O programa foi anunciado nesta quarta-feira (04/12) em Belo Horizonte e teve duração inicial de 18 meses, abrangendo 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e cerca de 3.400 escolas da rede estadual.
O Ginga surge em um cenário no qual a maioria dos estudantes da rede pública estadual se autodeclararam negros ou pardos, representando 62,6% das matrículas. A pretende iniciativa fortalecer o diálogo sobre questões raciais em sala de aula, capacitando professores, gestores e estudantes para lidar com a temática de forma sensível e inclusiva.
De acordo com Igor de Alvarenga, secretário de Estado de Educação, o projeto é um reflexo do compromisso do estado em construir uma educação antirracista. “O Ginga é mais um passo nos esforços constantes da Secretaria de Educação para incluir a pauta racial no cotidiano das escolas. Vamos começar com uma escola de cada SRE, promovendo formações para toda a comunidade escolar”, explicou.
A metodologia do programa combina teoria e prática, com materiais pedagógicos como cartas, vídeos didáticos e diretrizes que auxiliam os educadores a discutir o racismo e a diversidade cultural de maneira estruturada. Workshops virtuais e presenciais serão realizados para preparar as equipes escolares, enquanto indicadores qualitativos e quantitativos ajudam a medir o impacto do projeto.
A promotora Ana Carolina Zambom, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Educação (CAO-EDUC), destacou a importância de abordar o racismo nas escolas como um passo fundamental para a transformação social. “A escola é o espaço onde as mudanças começam. Não podemos ser espectadores passivos. Com o Ginga, queremos fomentar debates e criar uma mentalidade que valorize a diversidade e o respeito”, afirmou.
Além de promover mudanças nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) das escolas, o Ginga será incluído nas iniciativas já em curso, como o Trilhas de Futuro, que visa aprimorar a formação técnica e profissional dos jovens. A meta é alcançar 35% das escolas estaduais até 2025, garantindo o cumprimento da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.
O lançamento do projeto contou com a presença de representantes de várias instituições parceiras, como o Instituto Pela Educação de Resultados (IPER) e o Instituto Agô, que ajudaram a desenvolver a metodologia do Ginga. Segundo Iara Viana, diretora do Instituto Agô, o projeto é uma oportunidade para consolidar um ambiente mais justo e inclusivo nas escolas. “Estamos criando condições para que cada escola seja um espaço de aprendizagem e acolhimento, onde o respeito ao próximo seja a base de tudo”, concluiu.
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