O governo brasileiro oficializou um acordo com a Argentina para a importação de gás natural da jazida de Vaca Muerta, consolidando uma relação comercial estratégica, mesmo em meio a divergências ideológicas entre os dois países. Durante a cúpula do G20, nesta segunda-feira (18), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou que "questões comerciais devem ser separadas de ideologias", destacando o caráter pragmático da negociação.
O acordo prevê a importação de três milhões de metros cúbicos de gás por dia já no próximo ano, com a possibilidade de alcançar 30 milhões de metros cúbicos diários até 2030. O gás argentino, com preço inicial de US$ 2 por milhão de BTUs na jazida, deve chegar ao Brasil custando entre US$ 7 e US$ 8, valor significativamente inferior aos US$ 14 praticados no mercado interno. Essa diferença de custo pode impulsionar a competitividade da produção de fertilizantes no Brasil, um dos maiores importadores globais.
Apesar do avanço comercial, tensões políticas persistem. Durante o G20, o governo argentino se opôs a trechos da declaração final da cúpula sobre igualdade de gênero, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e taxação de super-ricos, pautas defendidas pela presidência brasileira. O presidente da Argentina, Javier Milei, crítico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já havia feito declarações polêmicas, chamando Lula de "esquerdinha com ego inflado".
As autoridades brasileiras avaliam quatro rotas possíveis para a chegada do gás, sendo a mais viável a inversão de fluxo no gasoduto que conecta a Bolívia ao Brasil, ativo há 30 anos. Alternativas como a integração via Uruguai ou Paraguai, e a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre, ainda enfrentam entraves logísticos e financeiros.
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