O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, passando para 11,25% ao ano, em uma tentativa de conter a inflação e os efeitos externos sobre a economia brasileira. A alta, anunciada na última quarta-feira (6), é um reflexo das crescentes incertezas econômicas globais, como a alta do dólar e os preços mais elevados dos alimentos, em especial devido à seca que afetou a produção agrícola no início do ano. A decisão foi amplamente esperada pelo mercado financeiro, que já havia antecipado um possível aumento após a inflação de setembro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrar uma alta de 0,44%, impulsionada pelo aumento da conta de luz e alimentos.
Essa mudança no cenário da política monetária do Banco Central marca o fim de um ciclo de redução de juros que começou em 2023, quando a taxa estava em 13,75% ao ano. Entre agosto do ano passado e maio deste ano, o Copom promoveu uma série de cortes na taxa, mas a retomada da alta foi iniciada em setembro com um aumento de 0,25 ponto percentual. Com a nova elevação, o Comitê continua seu esforço para controlar a inflação, que acumulou alta de 4,42% nos últimos 12 meses, já se aproximando do teto da meta para 2023, fixado em 4,5%.
Além da elevação da taxa, as novas previsões do Banco Central indicam que o IPCA deve fechar 2024 em 4,6%, ultrapassando o limite superior da meta de inflação para o ano. O Comitê também ajustou suas projeções para 2025 e 2026, com estimativas de 3,9% e 3,6%, respectivamente. No entanto, o mercado continua mais pessimista, com o boletim Focus apontando uma previsão de 4,59% para a inflação de 2023, já acima do teto da meta.
O aumento da Selic tem como objetivo conter a demanda excessiva e ajudar a frear o crescimento dos preços. Contudo, um efeito colateral do aumento da taxa é o encarecimento do crédito, o que pode impactar o consumo e dificultar o crescimento econômico. Embora o Banco Central tenha elevado sua previsão de crescimento do PIB para 3,2% em 2024, as taxas de juros mais altas podem prejudicar a recuperação econômica, desestimulando investimentos e consumo.
Com a nova alta, a taxa Selic passa a ter um impacto direto nas negociações de títulos públicos e serve como referência para todas as demais taxas de juros da economia, influenciando desde o crédito pessoal até os financiamentos empresariais. Embora o aumento de juros seja uma ferramenta importante para combater a inflação, ele também dificulta a expansão da atividade econômica, criando um equilíbrio delicado entre crescimento e controle de preços.
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