Nos últimos três anos, Belo Horizonte tem visto um aumento alarmante nos diagnósticos de pneumonia. Em 2021, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 3.570 internações devido à doença. Esse número subiu para 4.779 em 2022, um aumento de 33,86%, e alcançou 4.962 em 2023, um crescimento adicional de 3,83%.
As mortes também seguiram essa tendência preocupante. O número de óbitos passou de 757 em 2021 para 931 em 2022, representando um aumento de 22,98%. Em 2023, os óbitos chegaram a 1.014, um crescimento de 8,91%. Nos primeiros quatro meses deste ano, já foram registradas 1.314 internações e 205 óbitos, números que ainda não foram consolidados e podem aumentar, especialmente com as baixas temperaturas e o tempo seco do inverno, que, segundo especialistas, podem agravar a situação.
A pneumologista Michelle Andreata explica que a pandemia de Covid-19 e o período prolongado de confinamento em 2021 interromperam a circulação de cepas de vírus comuns no inverno. "Quando as pessoas retomaram o contato social, a transmissão dessas cepas e de bactérias voltou a ocorrer, resultando em um aumento dos casos de pneumonia", afirma Andreata.
Ela enfatiza a importância de manter os ambientes ventilados, lavar as mãos regularmente e usar máscara se estiver com sintomas de doenças respiratórias para evitar a disseminação de patógenos. Buscar atendimento médico imediato também é crucial. A pneumologista cita o exemplo de Regina, que foi tratada com antibióticos e corticoides e agora usa uma bombinha até que os sintomas desapareçam completamente.
De acordo com o pneumologista Daniel Bretas, presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica, os sintomas mais comuns da pneumonia incluem tosse, febre, mal-estar, falta de ar, prostração e dor torácica. No entanto, em idosos e crianças, os sintomas podem ser mais sutis. "Em idosos, pode haver apenas uma mudança no estado neurológico, como confusão mental. Em crianças, a prostração e a recusa alimentar são mais comuns", explica Bretas.
O inverno agrava a situação devido às baixas temperaturas e ao tempo seco, conforme Bretas. "No inverno, as pessoas tendem a manter os ambientes mais fechados, reduzindo a circulação de ar e aumentando o risco de transmissão de doenças respiratórias, que podem evoluir para pneumonia", alerta.
A baixa umidade do ar e a poluição também são fatores de risco. "A inalação de poluentes pode afetar os pulmões e as vias respiratórias. Em áreas com alto índice de queimadas, isso se agrava. Por isso, é importante manter o organismo bem hidratado e alimentado", completa Bretas.
Além do crescimento absoluto, as internações por pneumonia também aumentaram em relação ao total de doenças respiratórias em Belo Horizonte. Em 2021, elas representavam 16,48% dos casos (3.570 de 21.660). Em 2023, esse percentual subiu para 41,87% (4.962 de 11.850), devido também à queda nos registros totais de doenças respiratórias.
A Prefeitura de Belo Horizonte orienta que qualquer pessoa com sintomas de pneumonia deve procurar um dos 152 centros de saúde da capital, que funcionam de segunda a sexta-feira, 12 horas por dia. Nos fins de semana e feriados, o atendimento é realizado nas UPAs. Se diagnosticada, a pneumonia será avaliada pelos médicos para determinar se o tratamento será ambulatorial ou se requer internação hospitalar.
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