
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS investiga a possível participação de mais dois deputados federais de Minas Gerais em um esquema de descontos irregulares aplicados por associações e sindicatos em aposentadorias e pensões. A informação foi confirmada pelo senador Carlos Viana (Podemos), presidente da comissão. Até agora, apenas o nome do deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) havia sido tornado público por ser alvo da operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira.
Segundo Viana, os nomes dos novos investigados não serão revelados por se tratar de informação sigilosa. Ele afirmou que quebras de sigilo bancário já identificaram movimentações financeiras provenientes de entidades investigadas em contas ligadas aos parlamentares mineiros. As formas de participação estão sendo detalhadas pelos investigadores.
O senador destacou que o esquema envolve políticos de vários estados e partidos, com cerca de 20 parlamentares sob apuração — entre eles, três senadores e 17 deputados. “Infelizmente há nomes de diversos políticos que usaram esse esquema como forma de se beneficiar”, afirmou Viana. Ele comparou a rede fraudulenta a “um câncer que foi se espalhando”, com núcleos em diversos estados e participação de empresas e associações ligadas a agentes políticos.
As fraudes no INSS atravessaram três governos — Michel Temer, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva — segundo o parlamentar. Viana apontou que parte dos envolvidos permaneceu por longos períodos em cargos estratégicos do instituto, o que, segundo ele, demonstra apoio político. Na quinta-feira, o ex-presidente do INSS no governo Lula, Alessandro Stefanutto, foi preso; o ex-ministro da Previdência do governo Bolsonaro, José Carlos Oliveira, foi alvo de operação da PF no mesmo dia.
Euclydes Pettersen, que é presidente estadual do Republicanos, afirmou em nota que está à disposição das autoridades e lembrou que já respondeu a outras investigações, sendo absolvido ou não tendo a denúncia recebida em casos anteriores.
Viana informou que a CPMI entra agora em uma nova fase, com foco na responsabilização de quem recebeu recursos desviados. Segundo ele, duas delações premiadas estão previstas — uma já firmada e outra em negociação. Bancos responsáveis pelos pagamentos de benefícios previdenciários também serão convocados a prestar esclarecimentos.
O governo federal já iniciou a devolução dos valores descontados indevidamente, após acordo firmado com o INSS. Cerca de 2,5 milhões de aposentados e pensionistas aderiram ao termo, e o montante reservado para ressarcimentos chega a R$ 3,3 bilhões.
A CPMI tem prazo de funcionamento até março de 2026, podendo ser prorrogada.
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