
Um protesto pacífico realizado por indígenas Munduruku marcou o início do quinto dia da COP30, em Belém do Pará, nesta sexta-feira (14). Por volta das 5h40, cerca de 90 integrantes da etnia ocuparam a área externa que dá acesso à Zona Azul, espaço reservado aos negociadores e participantes credenciados da conferência climática.
Com cartazes e faixas, o grupo cobrou uma reunião emergencial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e denunciou a ausência de participação indígena nas principais mesas de negociação. Manifestantes relataram frustração com a dificuldade de diálogo com autoridades. “Nós mulheres, caciques, jovens e crianças estamos aqui. Exigimos ser ouvidos, mas sempre somos barrados”, afirmou uma das lideranças presentes.
Os Munduruku criticam propostas internacionais que tratam florestas nativas como ativos financeiros ligados ao mercado de carbono. Entre as mensagens exibidas estavam frases como “Nossa floresta não está à venda” e “Não negociamos a Mãe Natureza”. O grupo também reivindicou a retirada de invasores das terras indígenas e o fim do Marco Temporal, legislação contestada por povos originários.
Durante o ato, participantes da conferência formaram um cordão humano para proteger os manifestantes, enquanto soldados do Exército bloquearam o acesso à Zona Azul. A entrada de delegações chegou a ser interrompida temporariamente, mas foi restabelecida por uma rota alternativa pouco depois.
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, esteve no local para dialogar com representantes do protesto. O advogado Marco Apolo Santana, da Associação Wakoborun, acompanhou a conversa e destacou que os indígenas se sentem excluídos dos debates centrais. “Parece que só são ouvidos quando realizam manifestações. Felizmente, houve diálogo e a expectativa é de que uma reunião seja realizada em breve”, disse.
Os Munduruku vivem majoritariamente na bacia do Rio Tapajós, no oeste do Pará, e têm sido protagonistas de mobilizações nacionais em defesa de seus territórios e da Amazônia.
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