
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), elogiou publicamente a Operação Contenção, realizada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em pelo menos 121 mortes nesta semana. Durante uma reunião com governadores no Palácio Guanabara, na noite desta quinta-feira (30), Zema afirmou que a ação, considerada por muitos a mais letal da história recente do estado, deveria ser vista como “a mais bem-sucedida”.
“Erroneamente considerada a mais letal, deveria ser a mais bem-sucedida. Não ouvi falar de um inocente que foi morto”, declarou o governador mineiro, ao lado do anfitrião, Cláudio Castro (PL). Zema classificou a operação como “extremamente bem planejada e executada” e defendeu a atuação das forças de segurança fluminenses.
A declaração ocorreu em meio à repercussão nacional sobre o alto número de mortos e à discussão sobre a proporcionalidade da ação policial. Entidades de direitos humanos e setores do Governo Federal questionam o uso da força e pedem investigações sobre possíveis abusos. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a operação foi “estritamente local” e que não teve envolvimento da Polícia Federal. Segundo ele, qualquer participação da União dependeria de um pedido formal do estado.
Zema aproveitou o encontro para criticar o Governo Federal e o posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao enfrentamento do crime organizado. “O Brasil virou o paraíso dos criminosos e o inferno dos de bem”, disse o governador, acrescentando que o país “insiste em não considerar criminosos como terroristas”.
Além de Zema e Cláudio Castro, participaram do encontro os governadores Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Mauro Mendes (União Brasil), do Mato Grosso; e Eduardo Riedel (PP), do Mato Grosso do Sul. O grupo lançou o “Consórcio da Paz”, uma iniciativa voltada à cooperação entre estados no enfrentamento à criminalidade.
Segundo Cláudio Castro, o projeto tem como meta promover a troca de experiências e estratégias de combate ao crime organizado. “Faremos um consórcio no modelo de outros que já existem, para dividir soluções e fortalecer a segurança pública. Propus que a sede seja no Rio de Janeiro”, afirmou o governador fluminense.
Apesar do anúncio, o evento não apresentou medidas concretas ou cronogramas de implementação. O grupo defende que o consórcio se torne uma plataforma de articulação permanente entre os estados, voltada para o compartilhamento de dados, inteligência policial e ações conjuntas contra o crime organizado.
A fala de Zema, entretanto, provocou reações nas redes sociais e entre parlamentares. Críticos apontam que o governador relativizou a gravidade do número de mortes, enquanto aliados elogiaram o posicionamento em defesa das forças policiais.
 
  
  
  
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