
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou na noite desta terça-feira (28/10) a transferência de dez líderes do Comando Vermelho (CV) para presídios federais. A medida ocorre após relatos das polícias Civil e Penal de que os detentos estariam ordenando reações à megaoperação deflagrada nas comunidades da Penha e do Alemão, na zona norte da capital.
Segundo o governo estadual, o pedido foi atendido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que cedeu vagas nas unidades de segurança máxima. A decisão acontece poucas horas depois da chamada “Operação Contenção”, classificada como a maior e mais letal da história do Rio, que resultou em 64 mortos, sendo 60 suspeitos e quatro policiais — dois civis e dois militares.
Durante a tarde, ruas e avenidas foram interditadas em diversos pontos da cidade, provocando transtornos no transporte e no comércio. O governador afirmou que a operação faz parte de um esforço integrado entre as forças de segurança, apesar de ter criticado o governo federal por negar pedidos anteriores de apoio com veículos blindados.
“Acreditando que segurança pública se faz com diálogo e integração, pedi ao governo federal essas dez vagas para transferência imediata desses criminosos de maior periculosidade. É uma medida necessária para devolver tranquilidade à população”, declarou Castro em vídeo publicado nas redes sociais.
O Ministério da Justiça, por sua vez, divulgou nota lembrando que a cessão das vagas havia sido discutida em fevereiro, durante reunião entre representantes dos governos federal e estadual. “As ações coordenadas têm como objetivo fortalecer o combate ao crime organizado e garantir maior sensação de segurança à população”, afirmou o órgão.
Deflagrada ainda na madrugada de terça-feira, a “Operação Contenção” reuniu cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com apoio de helicópteros, drones, veículos blindados e equipamentos de demolição. O objetivo era cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços ligados ao tráfico.
Entre os presos está Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quintungo, apontado como uma das principais lideranças do Comando Vermelho. Outro alvo é Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, considerado o chefe da facção no Complexo da Penha e em comunidades da zona oeste. Doca é investigado por mais de 100 homicídios, inclusive de crianças, e tem 34 mandados de prisão em aberto.
As forças policiais apreenderam dezenas de fuzis, grande quantidade de drogas e veículos usados pelos criminosos. Durante os confrontos, criminosos lançaram bombas por meio de drones e montaram barricadas para impedir o avanço das forças de segurança.
“É assim que a polícia do Rio é recebida: com bombas lançadas por drones. Não estamos mais enfrentando crime comum, mas narcoterrorismo”, afirmou o governador.
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