A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta nesta semana sobre o uso indevido de glitter decorativo em alimentos, após constatar que muitos consumidores e confeiteiros vêm utilizando, sem saber, produtos feitos com polipropileno micronizado — um tipo de plástico — em bolos, doces e outras preparações culinárias. O material, segundo o órgão, não é comestível e pode representar risco à saúde se ingerido.
O alerta surgiu após denúncias nas redes sociais, feitas pelo perfil Almanaque SOS, que mostrou a confusão comum nas prateleiras de lojas especializadas em festas, onde o glitter comestível e o glitter decorativo são frequentemente expostos lado a lado. “Seu filho está comendo plástico e você não sabia”, afirmou o criador de conteúdo Dario Centurione, em um vídeo que viralizou e chamou a atenção para o problema.
De acordo com a Anvisa, o polipropileno micronizado (PP) é permitido apenas para uso em objetos decorativos não comestíveis, como enfeites de festas e cenários temáticos, mas jamais deve ser adicionado a alimentos. O glitter comestível verdadeiro, por outro lado, é produzido com ingredientes e aditivos alimentares aprovados pela agência, como corantes e açúcares próprios para uso culinário.
A confusão, segundo especialistas, ocorre porque as embalagens dos produtos são semelhantes e nem sempre destacam de forma clara se o item é próprio para consumo. Em nota, a Anvisa reforçou que cabe ao consumidor e aos profissionais de confeitaria verificar atentamente os rótulos. Na embalagem do produto comestível, deve constar o nome oficial — como “corante artificial para fins alimentícios” ou “açúcar para confeitar” — e não pode haver qualquer menção a plásticos, identificáveis pelas siglas PP ou PET.
O polipropileno é considerado seguro para uso em embalagens de alimentos, pois não libera substâncias tóxicas como o Bisfenol A (BPA). No entanto, quando ingerido, não é digerido pelo organismo humano, podendo causar desconfortos gastrointestinais e, a longo prazo, contribuir para o acúmulo de microplásticos no corpo.
Após a repercussão nas redes sociais, a Anvisa informou que encaminhou um comunicado à Rede de Alerta e Comunicação de Risco de Alimentos (Reali) — sistema que reúne órgãos de vigilância sanitária em todo o país — para monitorar o problema e reforçar a fiscalização sobre o comércio e o uso desses produtos.
A agência destacou ainda que não há proibição para que lojas vendam, no mesmo espaço, glitter comestível e decorativo, desde que estejam claramente identificados e separados. Entretanto, a recomendação é que consumidores e profissionais redobrem a atenção, especialmente em compras online, onde já foram encontrados produtos anunciados como comestíveis, mas que, na realidade, têm plástico como principal componente.
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