A Polícia Civil de Minas Gerais revelou, nesta quinta-feira (16/10), novos detalhes sobre o caso que chocou Belo Horizonte: a morte do menino Arthur, de 9 anos, vítima de agressões cometidas pela própria mãe, Lauriza Pereira de Brito, de 24 anos, na região do Barreiro. De acordo com as investigações, a mulher passou o dia consumindo drogas na companhia do companheiro, Deivisson Moreira, de 39 anos, antes de espancar a criança até a morte.
Os dois foram presos nessa quarta-feira (15/10), após a confissão de Lauriza. Segundo o delegado Evandro Radaelli, responsável pela investigação, a suspeita manteve uma postura fria e indiferente durante o depoimento, sem demonstrar arrependimento ou pesar pelo crime. “Trata-se de uma mulher muito fria, que, em momento algum, expressou qualquer tipo de emoção relacionada à morte do filho. A única vez que chorou foi quando soube que seria presa”, relatou o delegado.
Familiares confirmaram aos investigadores que o comportamento da mãe chocou ainda mais durante o velório do menino, quando ela chegou a sorrir diante do corpo da criança. Em depoimento, Lauriza admitiu ter passado o “dia todo usando cocaína” antes das agressões, que ocorreram pouco tempo depois de Arthur retornar da escola. “Ela disse apenas que ‘passou do ponto’, como se tratasse de algo banal. Não mostrou arrependimento, nem consciência da gravidade do que fez”, acrescentou Radaelli.
As investigações apontam que o episódio de violência não foi isolado. Conforme a Polícia Civil, as agressões faziam parte da rotina familiar. Arthur e o irmão de 6 anos eram constantemente vítimas de maus-tratos e negligência. “Temos relatos de que Arthur, por várias vezes, ficava sozinho cuidando dos irmãos de 6 anos e de apenas 6 meses de idade. A mãe saía e o deixava responsável pelos outros dois, o que configura abandono de incapaz”, explicou o delegado.
Lauriza, segundo a polícia, também costumava pedir dinheiro a vizinhos e conhecidos sob o pretexto de comprar alimentos, mas usava os recursos para adquirir drogas. O Conselho Tutelar foi acionado e determinou o acolhimento institucional dos outros dois filhos, diante do risco à integridade física e emocional das crianças.
O padrasto de Arthur, Deivisson Moreira, também foi preso. Embora não tenha participado diretamente das agressões, ele será responsabilizado por omissão, por não impedir a violência. “Ele tentou justificar a morte do menino dizendo que a criança havia escorregado em uma escada molhada na escola, o que foi desmentido pela direção da instituição e pela própria mãe, que acabou confessando o crime”, afirmou Radaelli.
O corpo de Arthur foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, e o laudo deve confirmar as causas exatas da morte. A Polícia Civil segue investigando as circunstâncias do crime, que voltou a expor a gravidade da violência doméstica e o impacto devastador do uso de drogas no ambiente familiar.
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