A Justiça concedeu tutela de urgência que impede Matteos França, de 32 anos, réu confesso do assassinato de sua mãe, a professora Soraya Tatiana, de 56 anos, de administrar ou se beneficiar do patrimônio deixado por ela. A medida, divulgada nesta quarta-feira (15), atende a um pedido do pai da vítima e foi deferida em 29 de agosto pelo juiz da 4ª Vara de Sucessões de Belo Horizonte, Antônio Leite de Pádua, na ação de exclusão de herdeiro por indignidade.
Segundo o magistrado, a decisão se justifica diante dos indícios de feminicídio e do risco de que os bens fossem partilhados ao herdeiro considerado indigno. A deliberação é provisória e o acusado ainda não foi citado para contestar a ação, o que será feito por carta precatória enviada à comarca de Caeté, onde Matteos se encontra preso preventivamente.
O crime ocorreu em julho deste ano, quando o filho e a mãe tiveram uma discussão por questões financeiras. De acordo com o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos, Matteos relatou estar endividado por empréstimos e dívidas de jogo, o que teria provocado um colapso emocional. Segundo ele, durante o conflito, enforcou a mãe e, em seguida, transportou o corpo no porta-malas do carro da vítima para um local ermo. O corpo de Soraya foi encontrado dias depois sob um viaduto na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano.
As investigações indicaram que Matteos agiu sozinho, sem envolvimento de terceiros, e não houve indícios de violência sexual. A prisão foi baseada em contradições entre seu depoimento e imagens que flagraram o veículo da vítima no trajeto até o local onde o corpo foi deixado, além da presença de manchas de sangue no porta-malas. O homem não resistiu à detenção e afirmou estar arrependido.
No início, o acusado apresentou uma versão falsa sobre o desaparecimento, alegando que sua mãe teria saído de casa e que ele não conseguia localizá-la. Durante esse período, teria solicitado a ajuda de familiares e amigos para procurar Soraya, enquanto mantinha o corpo escondido.
Matteos França é formado em relações públicas e trabalhava como analista de comunicação estratégica na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS) de Minas Gerais. Após o crime, ele publicou mensagens de despedida nas redes sociais, demonstrando ostensivamente pesar pelo falecimento da mãe.
A decisão judicial que bloqueia o patrimônio visa proteger os bens da professora Soraya Tatiana e impedir que o réu tire proveito do patrimônio em decorrência do crime, representando uma medida preventiva diante da gravidade do caso e da necessidade de salvaguardar direitos de herdeiros legais.
Mín. 18° Máx. 29°