Durante visita à Bahia nesta quinta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a postura de independência do Brasil nas relações internacionais e criticou o que chamou de “vira-latas” — expressão usada para se referir a setores que, segundo ele, defendem submissão aos Estados Unidos. O discurso ocorreu em Maragogipe, durante o anúncio de investimentos na indústria naval e em uma nova fábrica de fertilizantes.
Lula afirmou que, durante o governo do ex-presidente Donald Trump, houve pressão para que o Brasil se curvasse aos interesses norte-americanos, o que ele se recusou a fazer. “Quando o presidente Trump resolveu gritar com o Brasil, os vira-latas desse país queriam que eu rastejasse atrás do governo americano. Eu aprendi com uma mãe analfabeta: ‘não abaixe a cabeça nunca’. Se um pobre abaixa a cabeça, eles colocam uma cangalha e você nunca mais levanta”, declarou o presidente.
O petista também comentou sobre sua recente aproximação com Trump. Os dois se encontraram em setembro, durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e voltaram a conversar por telefone nesta semana. Lula disse que o diálogo entre ambos foi positivo e que há expectativa de um novo encontro. “O presidente Trump, que parecia inimigo número um, me telefonou e disse: ‘Lulinha, pintou uma química entre nós. Vamos conversar’. É bom que pinte uma química mesmo, porque eu sei gostar de gente”, afirmou.
Apesar do tom descontraído, Lula reforçou que o Brasil deve manter uma relação de respeito mútuo com os Estados Unidos, sem abrir mão da soberania nacional. “Ninguém respeita quem não se respeita. O Brasil vai negociar com os EUA, mas de igual para igual”, disse.
Mais cedo, em Camaçari, onde participou da inauguração de uma fábrica da montadora chinesa BYD, o presidente defendeu o multilateralismo e criticou a taxação de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros. “Queremos uma relação civilizada com o mundo. Não concordamos quando os Estados Unidos decidiram taxar nossas exportações com base em informações falsas. Acho que esse problema será resolvido”, afirmou.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, deve se reunir em breve com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington, para discutir o tema. O encontro ainda não tem data definida, mas deve dar continuidade à conversa telefônica entre os dois, realizada na última segunda-feira (6).
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