As principais companhias aéreas do país estão redesenhando suas estruturas tarifárias, criando novas categorias de passagens que vão desde bilhetes mais acessíveis, sem direito a bagagem de mão, até opções premium com serviços exclusivos. As mudanças, implementadas nos últimos meses, refletem uma estratégia para aumentar a receita e equilibrar custos sem repassar aumentos diretos às tarifas econômicas tradicionais.
A Latam, por exemplo, anunciou no fim de julho uma reformulação em suas tarifas para a cabine premium economy em voos dentro da América do Sul. Agora, os passageiros podem escolher entre duas modalidades: a premium economy full, que permite reembolso e alterações sem multa, e a premium economy standard, com regras mais restritivas e cobrança para remarcações. Ambas incluem bagagem de mão, uma mala despachada de até 23 kg, assentos premium e embarque prioritário.
A empresa também revelou planos de investir mais de US$ 100 milhões na criação de uma nova cabine chamada premium comfort, prevista para 2027 nos aviões Boeing 787. O novo espaço ficará entre as classes business e econômica e oferecerá maior conforto, com assentos mais largos, maior reclinação, telas 4K de 16 polegadas e conectividade bluetooth. Segundo a companhia, a iniciativa busca fortalecer a sustentabilidade financeira e “democratizar o acesso à aviação” por meio da diversificação de tarifas.
Já a Gol aposta em uma nova categoria mais enxuta. A partir de 14 de outubro, entrará em vigor a tarifa basic, voltada para o público que busca preços reduzidos e aceita viajar sem bagagem de mão. Nessa modalidade, o passageiro poderá levar apenas um item pessoal — bolsa ou mochila — de até 10 kg, que deve caber sob o assento. A nova tarifa será disponibilizada, inicialmente, apenas em voos internacionais com origem fora do Brasil e, em território nacional, na rota entre o aeroporto do Galeão (RJ) e Montevidéu, no Uruguai.
Nos voos internacionais, a Gol continuará oferecendo a premium economy, que garante reembolso integral em caso de cancelamento antes da viagem. Já a Azul havia lançado a cabine Economy Prime, voltada para voos internacionais, mas suspendeu sua comercialização neste ano.
Para especialistas do setor, a reformulação das tarifas segue uma tendência global. Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, explica que as companhias buscam recuperar o equilíbrio financeiro após períodos de crise, adotando práticas comuns no mercado internacional. “O modelo de precificação é complexo e dinâmico. Ao criar classes premium, as empresas conseguem gerar receita adicional e manter os preços das tarifas básicas mais competitivos”, analisa.
O especialista em aviação civil Adalberto Febeliano também avalia as mudanças como positivas. “As novas tarifas oferecem flexibilidade. Passageiros que fazem viagens curtas, sem necessidade de bagagem, podem pagar menos, enquanto quem busca conforto e conveniência encontra opções mais completas”, afirma.
Com as novas categorias, o setor aéreo brasileiro segue a tendência de segmentação de serviços, ampliando as possibilidades de escolha para o consumidor e fortalecendo suas estratégias de rentabilidade em um cenário de retomada econômica e alta concorrência.
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