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Universidades públicas desenvolvem tecnologias para identificar metanol em bebidas

Pesquisas da UFPR, Unesp e UnB oferecem métodos rápidos e acessíveis para detecção da substância; Brasil já registra mais de 100 notificações de intoxicação e 11 casos confirmados.

05/10/2025 às 15h15
Por: Bianca Guimarães
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Foto: Metanol Biodiesel Brasil/Divulgação
Foto: Metanol Biodiesel Brasil/Divulgação

Pesquisadores de universidades públicas brasileiras estão na linha de frente no enfrentamento à crise de intoxicação por metanol, que já contabiliza 102 notificações e 11 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde. A substância, usada ilegalmente na adulteração de bebidas alcoólicas, é altamente tóxica e pode causar cegueira e até a morte. Como o metanol não altera o gosto nem o cheiro da bebida, a detecção só é possível por meio de análises laboratoriais.

Uma das iniciativas mais recentes é da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear abriu as portas à população e realiza, de forma gratuita e mediante agendamento, testes para identificar a presença do metanol em bebidas. O exame, conduzido em um equipamento semelhante aos usados em diagnósticos médicos, é rápido e preciso.

De acordo com o professor de química e vice-coordenador do laboratório, Kahlil Salome, o processo exige apenas algumas gotas do líquido. “A análise leva cerca de cinco minutos. O aparelho gera um gráfico com várias linhas, e uma delas indica a presença do metanol”, explicou. O método é eficaz mesmo em bebidas com corantes ou frutas, e pode detectar concentrações de até 10 microlitros da substância em 100 mililitros de bebida — um nível já perigoso para o consumo humano.

Para Salome, a abertura do laboratório ao público também reforça o papel social da universidade. “A pesquisa pública tem a função de oferecer respostas rápidas à sociedade, especialmente em momentos de crise”, afirmou. Segundo ele, outras universidades federais com estrutura semelhante também podem ser mobilizadas para realizar análises.

Outro projeto de destaque vem da Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde pesquisadores do Instituto de Química de Araraquara desenvolveram e patentearam um método inovador de detecção. O processo consiste em adicionar um sal ao líquido suspeito, que se transforma em formol caso haja presença de metanol. Em seguida, um ácido altera a coloração da amostra. O resultado é obtido em cerca de 15 minutos e pode ser aplicado a bebidas destiladas, como cachaça, vodka e tequila.

Já na Universidade de Brasília (UnB), uma pesquisa iniciada em 2013 originou a startup Macofren, especializada em kits de detecção rápida. O projeto começou como uma iniciativa acadêmica voltada ao combate de fraudes em combustíveis, mas hoje atende também ao setor de bebidas. O químico Arilson Onésio Ferreira, um dos criadores, explica que o teste utiliza reagentes específicos e pode ser feito com apenas 1 mililitro da amostra. “O reagente custa em torno de R$ 25 por teste, e o resultado sai rapidamente. Desde o início da crise, já temos cerca de 200 empresas aguardando para adquirir os kits”, relatou.

O pesquisador alerta para os riscos do consumo de bebidas adulteradas. “O metanol é letal. Uma dose de 30 mililitros pode levar à morte”, destacou, lembrando que fraudes semelhantes já ocorreram na Europa e foram retratadas no documentário ‘Metanol, o líquido da morte’.

Com o avanço dos casos, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seguem articulando medidas emergenciais para garantir o tratamento das vítimas e fortalecer a fiscalização. Enquanto isso, as universidades públicas demonstram, mais uma vez, sua relevância ao transformar conhecimento científico em instrumentos de proteção à saúde da população.

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