A Justiça de Minas Gerais determinou a reabertura do prazo para a defesa de René da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, durante uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte. A decisão, proferida nesta quarta-feira (1º), também decretou sigilo processual após a identificação de “acessos atípicos” aos autos, restringindo a consulta apenas às partes envolvidas, defensores, assistente de acusação e ao Ministério Público.
No despacho, a juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza acolheu o pedido da defesa, que alegou dificuldades para acessar provas armazenadas em dispositivos eletrônicos, como um HD e um celular, solicitando mais tempo para análise. Apesar de as provas já estarem disponíveis, a magistrada concedeu o prazo adicional de dez dias, considerado improrrogável. O Ministério Público de Minas Gerais não se opôs à solicitação.
A juíza também negou a participação do sindicato dos trabalhadores de asseio e conservação como “terceiro interessado” na ação. Segundo a magistrada, a legislação penal não prevê esse tipo de intervenção no processo.
A decisão de impor sigilo foi justificada pela constatação de acessos incomuns ao processo eletrônico, levantando preocupação sobre possível vazamento de informações. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais esclareceu que dados de interesse público continuarão sendo divulgados pela assessoria de comunicação da Corte.
O crime ocorreu em 11 de agosto, por volta das 9h, quando um carro BYD cinza parou em frente a um caminhão de coleta de lixo. Após uma discussão, o motorista teria ameaçado uma condutora e, em seguida, efetuado disparos que atingiram Laudemir no tórax. O gari chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Santa Rita, em Contagem.
O acusado fugiu após o crime, mas foi preso ainda no mesmo dia em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Imagens coletadas pela polícia mostraram que, após os disparos, ele manteve atividades cotidianas, como passear com os cães e guardar a arma na mochila.
Laudemir de Souza Fernandes trabalhava na Localix Serviços Ambientais e era descrito por colegas e familiares como um homem pacífico e dedicado. Ele deixou esposa, uma filha adolescente e enteadas. Para Ivanildo Gualberto Lopes, sócio da empresa onde a vítima atuava, o caso agora segue nas mãos da Justiça.
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