O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi morto a tiros na tarde desta segunda-feira (15) em Praia Grande, litoral paulista. A investigação conduzida pela Polícia Civil aponta duas linhas principais para a motivação do crime: uma possível vingança relacionada à atuação histórica de Ruy contra líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e reações de criminosos insatisfeitos com sua passagem pela Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
Fontes, que tinha 68 anos, era referência no combate ao crime organizado em São Paulo e participou de operações que resultaram na prisão de importantes líderes do PCC, incluindo Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. Entre 2019 e 2022, comandou a Polícia Civil paulista, sendo indicado para o cargo pelo então governador João Doria. Ao longo de mais de 40 anos de carreira, atuou em diversos departamentos especializados, como o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
O atentado foi registrado por câmeras de segurança que mostram o momento em que criminosos perseguem o veículo de Ruy Ferraz, que colidiu com um ônibus. Em seguida, o grupo desembarcou e disparou mais de 20 vezes contra ele. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou estar “estarrecido” com a ousadia do crime e determinou a mobilização total da polícia, criando uma força-tarefa com participação do Deic e do DHPP para identificar os autores.
Colegas e autoridades que trabalharam com Ruy destacam a relevância de sua atuação contra o PCC. O procurador de Justiça Márcio Christino, que atuou com o ex-delegado em operações contra a facção, disse estar chocado com o atentado e lembrou que Ruy foi peça-chave em prisões e investigações de líderes do grupo criminoso desde o início dos anos 2000. Rafael Alcadipani, professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ressaltou que o ataque evidencia o poderio do crime organizado e a ousadia de seus integrantes.
Fontes também esteve à frente de ações que resultaram em ameaças de integrantes do PCC contra autoridades do Estado. Em 2006, ordens enviadas de dentro de presídios motivaram ataques contra agentes de segurança e autoridades em represália à transferência de líderes da facção para presídios de segurança máxima.
A investigação segue em andamento, com coleta de imagens, depoimentos de testemunhas e análise de informações de inteligência para identificar os responsáveis pelo assassinato e esclarecer as motivações que levaram à execução de Ruy Ferraz Fontes.
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