O Ministério da Fazenda estima que o Brasil pode perder cerca de 65 mil postos de trabalho até o fim de 2026 em razão da sobretaxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A projeção consta no boletim macrofiscal divulgado nesta quinta-feira (11), que também atualizou indicadores de inflação, crescimento econômico e emprego.
Segundo o governo, o impacto inicial seria maior, com previsão de até 138 mil empregos extintos — 71,5 mil na indústria, 51,8 mil em serviços e 14,7 mil na agropecuária. No entanto, a expectativa foi revista após a publicação da Medida Provisória “Brasil Soberano”, que prevê ações de socorro como crédito subsidiado, devolução de impostos e prorrogação do regime de drawback, mecanismo que isenta exportadores de tributos em insumos importados.
Entre os setores mais atingidos estão cimento, máquinas, eletrônicos, móveis, produtos metálicos, fármacos, celulose, metalurgia e têxteis. Apesar do impacto sobre o emprego e sobre parte da produção nacional, o Ministério da Fazenda avalia que as tarifas não devem influenciar a inflação interna. Já o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) pode ser 0,1 ponto percentual menor do que o previsto anteriormente.
Na sexta-feira (12), o governo federal divulgou a lista de mais de 10 mil produtos afetados, classificados em 9.777 códigos, cujos exportadores poderão acessar linhas de crédito. Serão disponibilizados R$ 30 bilhões em financiamentos com juros inferiores aos praticados pelo mercado. Os recursos poderão ser usados em cinco modalidades: capital de giro, produção de bens atingidos pelo tarifaço, aquisição de bens de capital, adaptação da atividade produtiva, fortalecimento da cadeia produtiva e investimentos em inovação.
A prioridade será para empresas que comprovarem que, entre julho de 2024 e junho de 2025, ao menos 5% do faturamento veio de exportações impactadas pelas tarifas. Já companhias que exportam abaixo desse percentual terão acesso a outros R$ 10 bilhões em linhas oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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