A Prefeitura de Belo Horizonte estuda uma mudança no modelo de segurança adotado nos centros de saúde da capital. A proposta, apresentada pelo prefeito Álvaro Damião (União Brasil), prevê a substituição parcial dos guardas municipais por integrantes da própria comunidade, que atuariam como mediadores de conflitos dentro das unidades de atendimento. A iniciativa surgiu após a repercussão negativa de um comunicado que indicava a retirada dos agentes, o que gerou apreensão entre servidores da saúde, preocupados com a possibilidade de aumento da vulnerabilidade diante de situações de tensão com a população.
De acordo com o prefeito, a maior parte dos problemas registrados nos centros de saúde não está ligada a violência criminosa, mas a episódios de estresse entre pacientes e funcionários. “Ninguém vai ao posto para atacar ou roubar, mas sim em busca de atendimento, e o estresse acaba gerando os conflitos. A ideia é colocar alguém da própria comunidade, que conhece o médico, a recepcionista, o paciente que está sempre ali, para ajudar a acalmar a situação e orientar”, explicou Damião durante a cerimônia de aniversário de 22 anos da Guarda Civil Municipal, realizada nesta segunda-feira (25/08) na Praça da Bandeira.
Segundo o gestor, os guardas não deixarão de atuar, mas terão como prioridade o patrulhamento das ruas e poderão ser acionados em casos de necessidade dentro das unidades. A medida faz parte de um pacote mais amplo de segurança pública que deve ser apresentado até o fim do ano, incluindo aumento do efetivo e novos equipamentos. “Belo Horizonte não é lugar de ladrão. Quem tentar cometer crimes aqui será enfrentado. Estamos investindo para reforçar a corporação e dar mais segurança à população”, afirmou.
No início deste mês, a Prefeitura anunciou a convocação de 500 novos guardas municipais, aprovados como excedentes no concurso público de 2019, o que elevará para mais de 2.500 o número de agentes em atividade. Além disso, foram adquiridos 545 armas de choque (tasers) e todas as viaturas receberão compartimentos específicos para detidos, com investimento de aproximadamente R$ 5 milhões.
Enquanto a proposta de inserir membros da comunidade como mediadores ainda será detalhada pela administração, o anúncio já gera debate entre profissionais da saúde e especialistas em segurança. Para alguns, a medida pode aproximar a gestão das realidades locais e reduzir atritos cotidianos; para outros, a ausência de agentes treinados pode aumentar os riscos em situações de maior gravidade. O tema deve continuar em discussão nos próximos meses, até a apresentação oficial do pacote completo de segurança pela Prefeitura.
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