As exportações de soja brasileira para a China mostram sinais de crescimento no segundo semestre, segundo análise do mercado. Com a relação comercial com os Estados Unidos abalada devido ao aumento de tarifas sobre produtos chineses, o Brasil tem se destacado como fornecedor estável, atraindo volumes maiores da oleaginosa. Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) apontam que os chineses têm direcionado mais soja brasileira aos portos do país, tendência que deve se intensificar nos próximos meses.
O diretor da Aprosoja-MT, Diego Bertuol, destaca que a estagnação das vendas de soja americana para a China abriu espaço para o crescimento das exportações brasileiras. “Desde maio, a China não compra soja dos EUA. Aqui vemos que as compras do Brasil estão aumentando”, afirma, citando um aumento de 15% nas exportações em agosto em relação ao mesmo período de 2024. Mato Grosso, maior estado produtor, concentra boa parte desse fluxo.
Dados da Anec indicam que, até julho deste ano, a China respondeu por 77% das exportações brasileiras de soja, totalizando 77,2 milhões de toneladas de janeiro a julho, crescimento significativo frente aos 35,3 milhões registrados há cinco anos. O país asiático busca alternativas à soja americana, que antes dominava as compras no segundo semestre, mas agora enfrenta barreiras tarifárias impostas pelo governo de Donald Trump.
Especialistas afirmam que, para substituir a soja americana, a China precisará negociar com outros fornecedores e lidar com a competição por preços mais altos, diante da expectativa de redução do fluxo vindo dos Estados Unidos, estimado em mais de 25 milhões de toneladas anuais. A guerra tarifária entre EUA e China, com tarifas de até 145% e 125% sobre produtos dos dois lados, influencia diretamente o comércio global de soja e os preços no mercado brasileiro.
Mesmo após tentativas de Trump de aumentar as importações americanas, a China manteve sua estratégia de priorizar o Brasil, consolidando o país como parceiro estratégico no fornecimento da oleaginosa em meio à instabilidade comercial internacional.
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