A Polícia Federal informou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) realizaram transferências de valores superiores a R$ 2 milhões para contas de suas esposas, possivelmente com o objetivo de evitar bloqueios determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o relatório da PF, pai e filho teriam usado contas de familiares em transações fracionadas para não chamar a atenção de órgãos de controle e ocultar a origem e o destino dos recursos.
O documento indica que Eduardo Bolsonaro recebeu do pai, em maio, pelo menos R$ 2 milhões, além de outras transferências por Pix que totalizam R$ 110 mil. Jair Bolsonaro também transferiu R$ 2 milhões para a esposa Michelle em junho, um dia antes de prestar depoimento à Polícia Federal. A PF sustenta que as movimentações financeiras foram realizadas de forma a dificultar a rastreabilidade e possivelmente fornecer suporte a atividades ilícitas.
O relatório destaca ainda conversas entre pai e filho, nas quais há menção a ações junto ao governo dos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras, incluindo ministros do STF. A PF aponta que tais condutas poderiam caracterizar coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, crimes que, somados, podem resultar em até 12 anos de prisão.
O ex-presidente também teria planejado um pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei, registrado em minuta encontrada nos materiais apreendidos, que indicaria receio por sua segurança e intenção de fugir do país.
Além de enviar o relatório à Procuradoria-Geral da República, Moraes determinou que Bolsonaro preste esclarecimentos em até 48 horas sobre descumprimento de medidas cautelares, reiteração de condutas ilícitas e risco de fuga, prazo que se encerra na sexta-feira (22/8).
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