A indústria brasileira de madeira processada já sente os reflexos do tarifaço prometido pelo ex-presidente americano Donald Trump. Mesmo antes da medida entrar em vigor, exportações para os EUA foram suspensas, gerando um cenário de instabilidade e provocando férias coletivas e demissões em várias empresas do setor, segundo a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente).
Segundo o superintendente da entidade, Paulo Roberto Pupo, os próprios clientes norte-americanos estão adiando embarques e cancelando contratos por precaução. Com até 50% de sobretaxa sinalizada, o Brasil perderia completamente a competitividade frente a outros exportadores. “Isso já levou à redução de turnos, suspensão de produção e corte de pessoal”, afirmou.
O mercado americano representa cerca de 50% das exportações do setor, podendo chegar a 100% em alguns casos. Empresas como Sudati, BrasPine e Millpar já adotaram medidas: Sudati demitiu cerca de 100 funcionários no Paraná, a BrasPine colocou 1.500 em férias coletivas e a Millpar suspendeu atividades para 720 colaboradores.
Com 90% da produção concentrada no Sul do Brasil, a indústria teme não encontrar parceiros comerciais que absorvam o mesmo volume dos EUA. “O que colocamos nos EUA não cabe em outro mercado”, diz Pupo.
A Abimci defende uma ação diplomática urgente do governo brasileiro. “Férias coletivas são paliativas. A dúvida é o que fazer quando voltarem”, conclui o executivo.
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