A cidade de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, voltou a lidar com o temor de uma tragédia envolvendo barragens. A estrutura B1-A, da empresa Emicon, localizada na comunidade do Quéias, foi classificada em nível 2 de emergência pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O alerta, divulgado nesta semana, é o penúltimo estágio da escala de risco que vai de 0 a 3 e exige medidas preventivas imediatas — entre elas, a evacuação da Zona de Autossalvamento (ZAS), área onde o tempo de resposta das autoridades não é suficiente em caso de rompimento.
A decisão da ANM foi motivada por falhas técnicas identificadas em fiscalização recente. Entre os problemas, estão a ausência de um sistema automatizado de alerta e videomonitoramento, além da não apresentação da Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM).
Em resposta, a Prefeitura de Brumadinho instalou a Comissão Estratégica Municipal (CEM), composta por representantes da administração municipal, Defesa Civil, secretarias e procuradoria, para monitorar a situação. Segundo o prefeito Gabriel Parreiras, não há indicativos de que o rompimento seja iminente. “O que houve foi negligência da empresa em apresentar estudos. Como a ANM não tem esses dados, decidiu elevar o nível de emergência”, declarou.
A evacuação dos moradores da ZAS ocorre com apoio da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, com foco na condução humanizada. A prefeitura afirma que todas as medidas seguem o protocolo previsto pela Resolução ANM nº 95/2022, atuando de forma preventiva.
A situação provocou reação imediata da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), que emitiu nota denunciando falhas na fiscalização e apontando riscos à população e ao meio ambiente. “É revoltante constatar que, mesmo com a barragem desativada, tenha sido classificada com esse nível máximo de emergência”, afirmou a entidade.
A associação reivindica providências das autoridades, entre elas o Governo de Minas, o Ministério Público, a ANM e a Defesa Civil. Entre as ações solicitadas estão a evacuação total das áreas de risco, revisão do plano de segurança com fiscalização rigorosa, responsabilização dos envolvidos, mais transparência e visitas técnicas às demais barragens em estado crítico no Estado.
Até o momento, a Emicon e a ANM não se manifestaram oficialmente sobre o caso. A cidade de Brumadinho, marcada pela tragédia de 2019 que deixou 270 mortos, volta a conviver com a insegurança em relação à mineração — uma atividade que, apesar de estratégica para a economia mineira, ainda desafia padrões de segurança e fiscalização.
Mín. 13° Máx. 27°