Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil ameaça mercados de suco, café, carne e frutas

A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o país tem gerado preocupações profundas no agronegócio nacional. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP alerta que setores estratégicos como suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas poderão sofrer impactos severos, com redução das receitas, desequilíbrios nos mercados e queda nos preços pagos aos produtores.

O suco de laranja, principal produto brasileiro exportado aos EUA, já enfrenta uma tarifa fixa elevada, e a sobretaxa proposta aumentaria ainda mais seu custo, prejudicando a competitividade em um dos maiores mercados do mundo. Isso ocorre justamente em um momento de safra recorde em São Paulo e no Triângulo Mineiro, o que pode levar ao acúmulo de estoques e queda dos preços internos. No café, maior commodity consumida pelos americanos, a elevação das tarifas pode afetar toda a cadeia produtiva local dos EUA, que depende da importação da variedade arábica do Brasil para sua indústria de torrefação.

A carne bovina também está em alerta. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne brasileira, mas as recentes mudanças no volume exportado indicam uma busca por diversificação dos mercados, especialmente com a China aumentando suas compras. Já as frutas frescas, como manga e uva, enfrentam incertezas com a indefinição tarifária, levando a adiamentos nos embarques e riscos de desequilíbrio entre oferta e demanda, o que pode pressionar as cotações para baixo.

Diante desse cenário, o Cepea destaca a urgência de uma articulação diplomática para revisar ou excluir essas tarifas, ressaltando que essa medida é estratégica não só para o Brasil, mas também para os Estados Unidos, que dependem do fornecimento brasileiro para a segurança alimentar e a competitividade de sua agroindústria. Sem esse esforço conjunto, a imposição das tarifas poderá comprometer significativamente as cadeias produtivas, os mercados e o relacionamento comercial entre os dois países.