Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), concluiu que as medidas protecionistas adotadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem trazer mais prejuízos para a economia americana do que para a brasileira. Segundo a análise, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA pode recuar 0,37%, enquanto o Brasil registraria uma queda de 0,16%, caso o chamado "tarifaço" seja implementado em sua totalidade.
A pesquisa considerou o impacto de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, além de aumentos nas tarifas dos EUA sobre importações da China (30%), a reação chinesa com elevação de tarifas sobre produtos norte-americanos (10%) e novas barreiras comerciais a produtos de outros 14 países, incluindo Japão e Coreia do Sul. Também entraram na análise os efeitos da alta tarifária sobre automóveis e aço importados por qualquer país. Como consequência, o comércio global pode encolher 2,1%, o que representa uma retração de aproximadamente US$ 483 bilhões.
No cenário brasileiro, a perda no PIB é estimada em R$ 19,2 bilhões. As exportações seriam as mais afetadas, com queda de R$ 52 bilhões, enquanto as importações diminuiriam R$ 33 bilhões. A redução no nível de emprego pode alcançar 110 mil postos de trabalho, impactando principalmente os setores agropecuário, industrial e de comércio. Só o agronegócio pode perder cerca de 40 mil vagas, seguido do comércio, com 31 mil, e da indústria, com 26 mil empregos a menos.
Os segmentos mais afetados pela queda nas exportações seriam tratores e máquinas agrícolas, aeronaves, embarcações, equipamentos de transporte e carne de aves. O impacto também varia por região. Os estados mais atingidos em termos absolutos seriam São Paulo (com queda de R$ 4,4 bilhões no PIB), seguido por Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores da UFMG utilizaram simulações com modelos de equilíbrio geral computável (GTAP) conectados a um modelo inter-regional. A estimativa considera os impactos ao longo de um ano e reforça os efeitos adversos de medidas unilaterais que, apesar de visarem proteger economias locais, acabam penalizando cadeias produtivas interdependentes em escala global.
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